sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Obrigação de ano para òrìsà.


Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

Quando eu ouço falar em obrigação de um ano ou de sete anos algumas associações me ocorrem, minha mente automaticamente por ser associativa dispara inúmeros questionamentos:

Você se alimenta uma vez por ano?

Você coloca credito no seu celular uma vez por ano?

Você coloca gasolina no seu carro uma vez a cada sete anos?

É estranho pensar que algumas pessoas imaginam que o òrìsà fica lá no assentamento a disposição delas e que eles respondem todos os dias para proteger as pessoas como retribuição a uma suposta obrigação anual.

O individuo que raciocina assim é o mesmo que tem em sua mente uma receita de bolo para ebó e para as iniciações e as chamadas obrigações anuais, como pode alguém ser tão pretencioso que supõe mesmo até um ano antes imaginar a data e aquilo que o òrìsà vai aceitar?

Será que esse povo pensa que o òrìsà esta ali a disposição deles e que ele é um prestador de serviço?

É comum chegar pessoas minha casa para consultar dizendo que na obrigação de um ano vai ser oferecido um determinado presente para o òrìsà, é difícil para mim que vivo o òrìsà todo dia entender essa forma de pensar. Imaginem você em uma relação afetiva buscar contato com a pessoa amada uma vez por ano, imagine você beijar os seus filhos uma vez por ano, tente imaginar você recebendo carinho somente uma vez por ano!

Se você precisar do atendimento médico e o plantonista do hospital informar a você que só daqui um ano você vai ter direito ao atendimento, como você vai se sentir?

Se a relação entre os homens ficar prejudicada em um contato único anual imaginem com as divindades considerando o nível de exigência de alguns indivíduos que querem resolver a vida sentimental, profissional e espiritual em um único contato com o òrìsà.

A inocência ou a ignorância não desculparia tal raciocínio por questão óbvia, se o òrìsà nos abastece da mesma forma que a água mata nossa sede, como é possível imaginar uma relação tão fria e sem afeto.

Alguns iniciados rezam para os orixás todos os dias e fazem seus pedidos diariamente, mas tem o habito de agradecer uma vez por ano.

O que será que esse povo imagina que é o òrìsà?

Algumas pessoas quando vão namorar no motel ou abusam um pouco mais da bebida, ficam bem à vontade porque imaginam que o òrìsà está na casa de asé, esquecem elas que o òrìsà tudo vê e tudo sabe.

 Talvez essa forma de pensar complemente o raciocínio acima descrito, pois se o òrìsà esta a minha disposição ele vai aceitar ficar esperando que o efeito da bebida passe ou que eu saia do motel para que ele se aproxime.

 Se o òrìsà é na mente desse pessoal somente um servidor que vai responder quando eles chamarem, então ele vai aceitar aquilo que eles oferecerem e quando eles quiserem, pensam os idiotas!

Esse tipo de òrìsà imaginado por esses desavisados, totalmente sem vida e sem vontade, quando invocado nas comumente descritas obrigações de ano, respondera da mesma forma que foi tratado durante o ano.  

Será que alguém acredita que ser iniciado para òrìsà é isso?






quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O orixá esta desaparecendo?



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Se um sacerdote do culto ao òrísà ou ifá durante a sua vida aprender quinhentos ebós e ele não confiar plenamente em seus iniciados ele irá transmitir com medo de ser traído a metade de tudo que aprendeu, ou seja, duzentos e cinquenta ebós.

Entre seus filhos o mais dedicado que herdou esse montante se pensar da mesma forma irá transmitir para o neto do sacerdote citado acima a metade do que aprendeu aproximadamente cento e vinte e cinco ebós.

Assim acontecerá com o conhecimento sobre cantigas e sobre folhas e ebós, não é preciso ser bom em matemática para entender a logica dos fatos, a sabedoria ancestral trazida do território yoruba está desaparecendo.

Se analisarmos o que esta acontecendo na grande maioria das casas de religiões do Brasil, vamos identificar facilmente o entra e sai de iniciados nas casas de asè. Essa dança das cadeiras prejudica a todos, prejudica as casas de asè e a imagem de nossa religião como um todo.

Todos aqueles que abandonam as suas famílias de asè presume que estão se afastando porque a casa que os iniciou não deu a eles o que eles esperavam, mas também é verdade que os iniciados muitas vezes geram uma expectativa impossível de ser realizada na religião de òrísà, muito só conseguiriam resolver o que almejam com mágica.

Não vamos analisar as expectativas ou as decepções, temos que considerar é o enfraquecimento progressivo da sabedoria ancestral herdada em nosso país.

No território yoruba existe uma solução para esse tipo de problema que aqui se perdeu com o passar dos anos, na terra mãe, a sociedade Ogboni resolve esse problema.

Na organização Ogboni em razão dos juramentos e dos compromissos assumidos, a verdade transita mais fácil entre iniciados em iniciadores e os segredos não se perdem como tanta facilidade como em nosso país.

Um Oluwo Ogboni ou um Apena Ogboni são considerados guardiões dos segredos sobre a cultura de òrísà, são eles que escolhem entre os seus iniciados para quem deve ser passado o conhecimento, com esse tipo de compromisso de fidelidade e respeito segredos deixaram de ser enterrados com os verdadeiros sacerdotes.

A desconfiança enfraquece qualquer tipo de relação, a insegurança apodrece os alicerces da amizade do amor e do respeito, a relação sacerdote e iniciado deve ser tranquila e pautada na sinceridade e na transparência.

É digno de pena aquele que tem conhecimento e não divide com seus seguidores, aprender e não ensinar o que aprendeu é um acumulo de informações que pesa para aquele que a detém.
Se outrora em nosso país existiu um grande numero de iniciados na sociedade Ogboni e os museus brasileiros provam isso, chegou o momento de ampliar o numero de iniciados como forma de salvar tudo aquilo que esta se perdendo.

ESTÁ TUDO ENTREGUE A TERRA SOBRE A QUAL NÓS FIZEMOS O JURAMENTO
SOBRE A TERRA NÓS RESPIRAMOS
SE VOCÊ POR SOBRE A TERRA ME TRAIR
SE VOCÊ POR SOBRE A TERRA RESPIRAR
A RESPIRAÇÃO MATARÁ VOCÊ
A JUSTIÇA ESTÁ NAS MÃOS DA TERRA SOBRE A QUAL NÓS FIZEMOS O JURAMENTO...



Autor Babalawo Ifagbaiyin Agboola








quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Òrìsà ignorante.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

Quando eu sou procurado por pessoas que me dizem que suas vidas não estão bem porque elas têm que dar para òrìsà algo que ele teria pedido e que elas não deram por que não tiveram condições de comprar, eu respondo, seu òrìsà é ignorante?

Se o òrìsà pede alguma coisa que você não pode fazer ele não é seu amigo, é seu inimigo e um espirito que não merece culto.

Espirito que não tem visão e que não evolui, ele é condenado ao esquecimento.

É comum assistir essa cena que descrevi acima, assim como é bastante comum encontrar pessoas que são capazes de fazer o possível e impossível para seguir as orientações do seu òrìsà.

 Será que a pessoa que esta transmitindo desejo do òrìsà é confiável?

Será que ela tem ética?

Será que ela é honesta?

Será que o que ela esta dizendo é verdade?

Acredito que em muitos casos o sacerdote inventa a suposta necessidade por falta de caráter ou por falta de dinheiro.  Inventar uma suposta cerimônia e pedir muito dinheiro para pessoas que mal tem dinheiro para suas necessidades, eu não acredito que seja o desejo do òrìsà.

O número de pessoas que atendo que se decepcionaram com a religião por conta da falta de preparo e de ética dos babalórisás, Ìyálóòrìsà, e Bàbàláwos se multiplicam a cada dia.

Uma pessoa que deseja orientação espiritual deveria investigar a pessoa que o orientará.
Um bom sacerdote da religião dos òrìsà tem sua formação atestada pelo seu comportamento, e pelo seu conhecimento.

Se alguém lhe mostrar um certificado que participou de um evento, não quer dizer que ele tenha conhecimento sobre o tema proposto pelos organizadores, e muito menos que tenha capacidade para promover um suposto domínio do tema.

Para ser um sacerdote é necessária ética, fé e trabalho duro na casa de òrìsà durante anos, se não for assim não existirá um bom sacerdote.

O sacerdote confiável jamais vai tentar convencer uma pessoa a fazer algo que ela não tem condições usando para isso a palavra do òrìsà.







terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Ifá, combatendo a venda de apostilas.

Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

Comunico a quem  estiver interessado que não existe certificado de recebimento de um assentamento de òrìsà, assim como não existe diploma de sacerdote.

Quando as pessoas no Brasil descobriram que muito da essência do culto ao òrìsà se perdeu, começaram imediatamente uma procura por informações confiáveis.

Como em todos os seguimentos existem pessoas boas e ruins, em nossa religião não é diferente, em meio a tudo isso surgiram os famosos vendedores de apostilas, o negocio deu tanto lucro e espalhou por todo o país, começou a aparecer apostilas de bori, de assentamento de òrìsà, de jogo de búzios e até de ifá.

No meio desse mar de sujeira se destacaram dois grupos:

- Os que tinham algum conhecimento e venderam anotações particulares.

- Os que não sabiam nada e na ânsia de ganhar dinheiro misturaram ou inventaram informações ditas por eles valiosas, dando inicio então ao que eu chamo de processo analfabético religioso.

A maluquice foi tanta que a cada apostila eram inventadas uns cem números de qualidades de Òrìșàs, além dos famosos ebós para todas as situações, passando então a existir apostilas, certificados e diplomas para tudo que houvesse procura.

Imagino que grandes partes das pessoas que receberam esses diplomas acreditaram que isso fosse um habito no território yoruba, algumas dessas pessoas chegaram até acreditar que fazendo uma cerimonia de iniciação e portando um diploma elas seriam Bàbàláwos ou Babalórisás.

Como não existe um órgão que regula essas questões envolvendo a venda de diplomas e apostilas, a situação se agravou tanto, que até nos meios de comunicação é visto a comercialização dos malditos papeis.

 Diante disso eu pergunto  se alguém acredita que tendo dinheiro para ser iniciado e recebendo um diploma  serão reconhecidos pelo que esta escrito nele.

 A experiência, a dedicação e o respeito podem ser substituídos por um papel?

 Livros que ensinam você a fazer seu próprio ebo tiveram tanta aceitação quanto os diplomas, as apostilas e certificados, porém na pratica os ensinamentos não funcionarão. Ebos com chantilly, Champion e estrogonofe misturado com bonecos de plásticos coloridos, e um cem número de outras tantas loucuras infectaram as mentes dos sedentos de informação.

Eu sempre digo que o pior tipo de ladrão que existe é aquele que  rouba a fé daqueles entregam  seus sonhos nas mãos dos Òrìșàs.

 Todas essas decepções implicaram diretamente em um grande numero de pessoas que se afastaram das casas de òrìsà, e ingressaram nas igrejas evangélicas.

 Foram esquecidos fundamentos básicos como o respeito e a hierarquia e a verdade outrora aprendida no dia a dia, foi substituída por um monte de dúvidas encadernadas.

Eu concordo que devemos ler bons livros e até que tenhamos um caderno de anotações, mas a coleção de apostilha comercializada em nome da fé e o diploma que atesta que você não sabe nada certamente deveriam deixar de existir, os únicos que sentiriam falta seriam os usurpadores  que se beneficiam com essa sujeira.



sábado, 23 de janeiro de 2016

Jogo de búzios


Combatendo a venda de apostila.

Autor:Babalawo Ifagbaiyin Agboola 


Esse texto é uma resposta para o grande número de leitores do nosso trabalho publicado ontem que solicitaram mais esclarecimentos sobre o jogo de búzios, deixo claro que essa postagem é para leigos e iniciantes, em nenhum momento tive a preocupação com a acentuação da língua yoruba, bem pelo contrario facilitamos o entendimento para uma leitura mais fácil para as pessoas que não estão acostumadas a linguagem comumente usada por sacerdotes da religião tradicional, assim como facilitamos as traduções da reza inicial. Consideramos que nenhum segredo foi divulgado aqui por já existem na literatura brasileira trabalhos semelhantes.

Búzios para iniciantes.

Como efetuar consulta ao jogo de búzios.
a- Rezar mo juba (eu saúdo)
Iba Olódùmarè
Saúdo Deus
Iba origun mérin aiye
Saúdo quatro cantos da terra
Iba mérìndilogun odu agba
Saúdo dezesseis odus mais velhos.
Iba gbogbo Omo odu
Saúdo todos os odus filhos
Iba odu mi
Saúdo meu odu
Iba ìyá mi Osoronga
Saúdo minha mãe Ancestral
Iba gbogbo egúngún agba
Saúdo todos meus antepassados
Iba Èsu
Saúdo Exu
Iba Òrìsà mi
 Saúdo meu orixá
Iba gbogbo òrìsà
Saúdo todos os orixás
Iba Osun
Saúdo Oxum
Iba Obàtálá
Saúdo Oxalá
Iba Òrúnmìlà
Saúdo Òrúnmìlà

*Perguntar três vezes Èsu soro ? (Exu você vai falar).

 Obs: pode ser que o òrìsà não responda se isso acontecer pode rezar novamente e chamar os orixás

b- confirmar se o òrìsà esta respondendo
c- dizer o nome da pessoa para quem vai ser feita a consulta e o nome de sua mãe.
d-iniciar a consulta
1-odu
2-...
3-ibo
4-ire
5-ibi

Se estiver ibi segue a consulta

6-ibi orí (pode ser forma de pensar, maneira de ver as coisas, fazer bori se necessário).
7-ibi egúngún (conflito com antepassados descontentes com o caminho q a pessoa esta seguindo, perturbação espiritual).
8-ibi òrìsà (verificar qual).
9- ibi ajogun (verificar qual).
10-ibi ikú (morte)
11-ibi arun (doença)
12-ibi ofo (perda)
13-ibi Ejò (confusão, problemas).
14-ibi igedé ou ajé (feitiço), abilu.
Segue a consulta para ver se a pessoa vai vencer aquele obstáculo.
15- isegun (vitória)

Se for o caso faz mais uma perguntar, qual òrìsà vai ajudar aquela pessoa nesse momento, ou qual o òrìsà que protege aquela pessoa...

16-Orisa ire
Regras importantes:
1° ...
2° Caída impar é não e par é sim, nos casos de...
3° Ogbe é Absoluto, nunca se apura o jogo, é caída determinante.
4°Ofun só perde para Ogbe...
5° Quando o odu do ire e o ibi é igual o odu está ire, pedir mão direita se ...

1-Búzios abertos: Òkànràn- Èsu, Ṣàngó, Egúngún, Oya e Orànmiyán.

Problemas com justiça, sofrimento, coisas negativas, pessoa tem que fazer tudo certo, não se opor contra convenções, cuidado com a saúde, doenças crônicas, falta de dinheiro, inimigos.
IRE- Novo caminho, oportunidade material, progresso.
 IBI- Medo, insegurança, impulsividade.

2- Búzios abertos: Eji oko- Ibeji, Iya mi...
Escuridão, infelicidade, morte ma sorte, feminino, ancestral apoiando, solução para os problemas, depressão, perigo, mulher ciumenta.
IRE-Nascimento, dualidade, inicia.
IBI-Morte, escuridão, desordem.

3-Búzios abertos: Ògúndá- Ògún, Ọ̀sanyìn e Èsu.
Brigas, traidores, hostilidades disputa, confiou na pessoa errada, problemas financeiros e pessoais, dar de comer Ògún, e Orí.
habilidade em abrir portas para os outros, emprego.
IRE-Profissão, construção, força.
IBI-Violência, desastre, doença, brigas.

4- Búzios abertos: irosun- Ògún, Egúngún, Yemọja, Orí.
Popularidade, desanimo, perda de interesse, dificuldades financeiras, e emocionais, respeitar ancestrais, ligação com o pai, aprender a ter paciência, agradar Èsu, Orí.
IRE-Caminhos abertos, realização, ambição
IBI-Intranquilidade, inquietação, arrependimento.

5- Búzios abertos: Ose- Osun, Ògún
Bom momento para amor, e dinheiro, casamento, agradar Osun, prosperidade, agradar Ṣàngó e Ifá para vencer inimigos, deve fazer ebó autoconfiança é uma tragédia para essas pessoas, cuidar da saúde.
IRE-Suavidade, ingenuidade , amor, riqueza, riqueza.
IBI- Ilusão, falta de foco, fofoca, curiosidade

6- Búzios abertos: Obàrà- Oxalá, Osòosì, Ṣàngó
Incerteza, suspense, fala de poder de decisão, compra por impulso, nervosismo, pressa, cuidar do Orí, bloqueios ou dificuldades temporais e muitos inimigos.
IRE-Sorte, paciência, habilidade, potencial.
IBI- Inveja, roubo, perda, inquietação.

7- Búzios abertos: Odi - Lógunéde, Osòosì, Seu, Obàtálá.                                                                               
Inimigos secretos,obstruções,sofrimento,pressão,calunia,morte,súbita,vida longa, cuidar Orí.
IRE-Liderança, persistência, sensibilidade.
IBI- Polêmicas, problemas, brigas, traições

8- Búzios abertos: Eji Ogbe- Obàtálá, Ifá, Yemọja, Obalúwàiyé
Iluminação, bem estar, vitória, despertar espiritual novos negócios, novos relacionamento, masculino, primeiro, ciúmes, inicio da vida espiritual,
Equilíbrio, sucesso, negócio sem lucro, inimigos trabalhando, cuide bem saúde.
IRE-Alegria, encanto, felicidade, grandeza, sucesso, inicio.
IBI- Nervosismo, preguiça, altos e baixos.

9- Búzios abertos: Osa- Iya mi, Oya, Yemọja
Falta de coragem, fuga oposição, viagens, pessoa amedrontada, bons administradores, mudanças inesperada, transtornos, sono ruim, problemas espirituais, agradar Ṣàngó, Iya mi para ter uma eventual solução positiva contra os inimigos.
IRE-Viagens, Espiritualidade, Família, mudança.
10- Búzios abertos: Òfún- Oxalá
Boa fortuna, ter paciência com certo sacrifício o sucesso é garantido, pessoas generosas e sábias, dificuldade de respirar, agradar Iya mi , Olókun, boas viagens, pessoa tem que agradar os pobres.
IRE-Vitória, determinação, realização, paciência.
IBI- Lentidão, desânimo, fraqueza, fragilidade.
11 Búzios abertos: -Okanla ou Òwónrín- Oya, Egúngún
A importância dos ebós enfatizada, tomar bori, respeitar os mais velhos, cuidar viagens negativas agradar Egúngún.
IRE-Pressa, poder, força, Otimismo, realização.
IBI- Perigo, acidente, violência.

12- Búzios abertos: Ejila - Ṣàngó.
Premunição, clarividência, vida longa, prosperidade, promoção no trabalho, os mistérios da vida revelados, ter cuidado com viagens.
IRE-Emprego, dinheiro, negócios, política.
IBI- Avareza processos, loucura.

13- Búzios abertos: Metala- Soponnan, ìyá mi, Nana.
Preocupações, ter moderação, cercado de pessoas ruins, não pode contar com a família, nem com amigos, vai colher o que plantou, agradar Ori, pessoas com ciúme, agradar Ifa e Ògún.
IRE-Espiritualidade
IBI- Perigos, doenças, feitiços, morte.

14- Búzios abertos: Merinla- ìyá mi, Obalúwàiyé
 Persistência, pessoa vigorosa, com tratamento rude, questões ligadas a filhos, agradar Egungun, e Òrìsà nla, complacência, deve escutar os pais, e os mais velhos, imprudentes, teimosos, confusos, cuidar Orí, e Ifá.
IRE- Espiritualidade, vidência, intuição.
IBI- Doenças, fase negativa miséria.

15- Búzios abertos: Medogun, Èsu, Olóòkún, Òkè, Yemọja
Paz mental, bom caráter ,bons negócios, sucesso na arte de comprar e vender, sentimental, bom, cuidar de Èsu, cuidar esgotamento, tirar tempo para descansar.
Agradar Ògún, Yemọja e Ifá.
IRE- A capacidade de recomeçar rapidamente.
IBI- A falta de Iniciativa, desilusão, decepção.

16- Búzios abertos: Mérìndilogun- Ifá, Soponnan, sociedade Ogboni.
Humildade, intriga dos inimigos, pessoa com cabeça dura, perda de oportunidade, todos os filhos de Irete devem ser iniciados em Ifá, cuidar Orí, humilhação, estresse emocional, fatiga ,impaciência, agradar Soponna.
IRE-Ligação com a espiritualidade, renascimento
IBI-O fracasso, a morte.

0-Nenhum búzio aberto Opira ou àdakadekè
Iniciação em ifá, Ogboni, comida
IBI- Falta de coragem, duvidas depressão.
 a terra, morte.

Ibò-búzios ou osso e demais objetos a serem usados.

Existe uma caída predominante que identifica sempre a mão direita...

OBS: Para o sistema do ibò (ver se ire ou ibi) usando a ordem .
-Se apurar Ibi no caso de ajoguns.
Morte, doença, perda, confusão.
-Se for Ire apurar o tipo de Ire
Vida longa, filhos, dinheiro, etc.

Observação: Por razões obvias muitos dos detalhes do mecanismo foram retirados desse texto, a razão desse trabalho é a divulgação, as pessoas que quiserem aprender devem procurar os seus iniciadores.

Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.



Orunmila explica.




Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

 Hoje um de meus leitores me perguntou sobre Orí méjì em yoruba à palavra Orí que dizer cabeça e a palavra méjì quer dizer dois, em português uma tradução que deixaria muita gente feliz seria “aquele que tem duas cabeças,” mais na realidade essa forma de traduzir não se aplica ao fato descrito por muitos na religião afro brasileira.

Partindo do pressuposto que nossa religião foi trazida do território yoruba, os yorubas deveriam conhecer esse fato a não ser que seja algo que foi criado por outras circunstâncias.

Ao longo de anos atendendo pessoas iniciadas conclui que é uma grande casualidade que as mesmas pessoas que se dizem Orí méjì tenham uma enorme insegurança sobre qual seria o seu verdadeiro Òrìșà, também pudera, quase sempre que esse termo é usado é em razão da falta de certeza do oficiante dos atos que com medo de errar mata dois coelhos com um só tiro.

A verdade é que todas as pessoas podem ser iniciadas para inúmeros Òrìșàs, mas somente um irá lhe conectar com a sua verdadeira realidade ancestral.

No ifá aprendemos que em um odu respondem varios Òrìșàs sendo assim a partir do odu de nascimento iniciações múltiplas são costumeiras, mas nada que implique em incorporações múltiplas e múltiplas personalidades, se fosse assim uma pessoa poderia acordar com a coragem típicas dos filhos de Ògún, passar o dia com senso maternal dos filhos de Yemonja e a noite viver um conflito de bipolaridade se desculpando que esta tendo uma influência de Ibejì.

Se isso acontecesse os iniciados em Òrìșà seriam retratados como doentes mentais ou coisa semelhante.

Quando uma pessoa sem caráter não sabe a resposta a uma pergunta a falta de humildade o proibi de perguntar e ele termina inventando uma resposta que desculpe a sua ignorância, isso tem acontecido ao longo da historia com pessoas que não estão preparadas para exercer a função de sacerdote na religião dos Òrìșàs.

Graças a facilidade criada pelos mecanismos de comunicação nos dias de hoje esse povo criativo termina sendo desmentido com muita facilidade.

Se em todos os odus respondem Èsu, Òrúnmìlà e ìyá mi, além de outros Òrìșàs, imaginem administrar a vida religiosa baseada na tradução de duas palavras, teríamos em nosso território muitas pessoas incorporadas com ìyá mi Osoronga e Òrúnmìlà.

Me custa crer que as pessoas ainda não tenham entendido a necessidade do estudo permanente de um bom sacerdote de Òrìșà, na Nigeria, em qualquer outro país e sobretudo no Brasil.




Iyawó borboleta, isso não existe no Ifá!


Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Quando estive na Nigéria vi uma realidade completamente diferente de tudo que é dito em nosso país, a religião tradicional yoruba e a língua yoruba, assim como o culto ao Òrìșà estão intactos e mais fortes que sempre estiveram, lá nenhum templo foi destruído e os iniciados vivem nos mesmos lugares que seus antepassados viveram por gerações.

O discurso que na Nigéria a religião terminou serve de desculpa para aqueles que não querem se adaptar a uma nova realidade, a rede social nos aproximou da verdade de nossas raízes e é muito duro para os supostos donos do saber se identificar em com a terra mãe.

Quanto à comercialização de Òrìșàs isso esta cada vez mais forte em nosso país, alguns brasileiros vendem uma religião que jamais existiu, em uma de minhas viagens em uma cidade próxima de Salvador, tive a comprovação disso, diante de um suposto assentamento de Ìyá mi, feito em um ninho de passarinho com dois ovinhos, imagine a que ponto chegou a nossa religião.

As casas de Òrìșàs deixaram de servir a comida tradicional yoruba e começaram a servir bacalhau para alimentar os convidados.

Existe um grande comercio de fato, sacerdotes chegam a cobrar sessenta mil reais em uma iniciação.
Quanto à questão do não preparar os iniciados, existem muitas histórias, mas a mais comum é daqueles que se afogam em suas vaidades e não suportam a ideia de aprender e acreditam que já nasceram sabendo.

Essas figuras já são muito conhecidas na internet, quase sempre eles têm muitas fotos bonitas e um belo sorriso que se adequa a trajetória de suas vidas religiosas que facilmente podem ser identificadas como os donos da verdade.

O dono da verdade é aquela pessoa que eu denomino como borboleta do facebook:
- O Iyawó borboleta do facebook, pousa em todos os perfis e quase sempre eles dá mortos por testemunha, justifica que perdeu suas fotos de iniciação em um incêndio, além de dizer que o sacerdote anterior ficou com seus assentamentos por pura maldade.

 Sempre justifica o pouco tempo que ficou na casa anterior por algum tipo de perseguição, é comum eles argumentarem que existiam ciúmes ou por sua beleza ou por sua inteligência.
 Eles argumentam que o anterior sacerdote não ensinava, mas eles nunca quiseram estudar, como poderia aprender razão pela qual não sabem absolutamente nada, nem abrir um Obì.

 Com uma roupa muito elegante, sempre muito limpa, a figura encarna um personagem que se confunde entre o hip e o chique. Quase sempre o esperto tem alergia á penas de galinha e não está se sentindo muito bem, razão pela qual se afasta do trabalho braçal, escondendo uma preguiça gigantesca.

Com um ar de quem está atualizado com os fatos e fotos, ele nunca larga o celular, o personagem tem muitos contatos no watsapp e vive o tempo todo na casa de Òrìșà tomando café e respondendo os seus fãs da rede social.

 Postando no facebook todos os dias textos recortados de outros autores esses sabichões estão sempre muito ocupados para aprender com seu sacerdote e recorrem constantemente ao Baba Google e a ìyá Wikipédia.

O Iyawó borboleta tem um perfil no twitter, dois perfis no facebook, é conhecido no instragran, tem uma home page, dois sites e cinco blogs, se incorpora com a pomba gira Maria Gasolina, recebe o ere Gasparzinho que nunca aparece, dá consultas com o caboclo Sultão das mil e uma noites, tem orí méjì e um amplo conhecimento em astrologia, runas, taro, I ching e um notável saber nos búzios africanos.

Facilmente identificáveis como papagaios de piratas tem fotos com todos os famosos e fazem self até dormindo.

Quem não viu um desses personagens descrito acima no facebook fazendo perguntas para montar a sua colcha de retalhos de uma cultura que só eles reconhecem.











sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Jogo de Búzios


Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

É muito interessante a dimensão que determinados textos alcançam quando despertam a curiosidade pública, segredos são divulgados, inverdades são inventadas e o desconhecido é criado como base do alicerce que mantém a mentira em forma de máscara para a ignorância.

Com o jogo de búzios não foi diferente as novelas, os filmes, as revistas e o diz que me diz conduziram esse oráculo sagrado através da estrada da popularidade de encontro à vulgaridade.
Nas grandes cidades em cada esquina tem um desocupado com um punhado de búzios na mão se dizendo sacerdote.

Essa forma dantesca da popularização do sagrado além de afastar os crédulos alimenta os incrédulos com argumentos incontestáveis gerados pela pior das impressões.

Deveria existir um movimento nacional para combater os falsos sacerdotes que usurpam da popularidade da religião afro brasileiro, enquanto isso não acontece delinquentes travestidos de sacerdotes divulgam um oráculo inventado por eles.

A verdade é que da verdadeira consulta ao mérìndilogun quase tudo se perdeu e muito foi inventados, poucos são aquele que praticam consultas com orientações confiáveis e comportamento ético.

O uso dos ibòs para identificar se o odu esta ire ou ibi foi substituído por uma bola de cristal que auxilia na aura de mistérios propicia ao embuste. As esteiras foram substituídas por um conjunto enorme de adereços que se sabe lá qual seria a intenção considerando o fato que a grande maioria dos objetos em nada se identifica com a religião dos Òrìșàs.

A falta de informação se agravou, a ambição se ampliou e a criatividade extrapolou os limites do aceitável, diante de tantas loucuras até opon ifá está sendo usado como parte da parafernália usada em consulta aos famigerados búzios.

Em mais uma tentativa de auxiliar os bons sacerdotes no combate aos supostos entendidos no uso do mérìndilogun, estamos mais uma vez divulgando a verdade sobre esse oraculo na religião tradicional yoruba.

O mérìndilogun é um instrumento usado somente por babalórisás e Ìyálóòrìsà, Bàbàláwos e Iyanifas costumam usar o opele ou os ikins em suas consultas.

Ao longo do tempo muito se tem falado sobre esse tipo de consulta mais a verdade é que existem inúmeros equívocos abaixo citarei os mais comuns:

1-    Chamar mérìndilogun de ifá.
2-    Consultar búzios sobre opon.
3-    Dizer que Òrúnmìlà fala nos búzios.
4-    Extrair odu de nascimento em consulta.
5-    Anotar a data de nascimento como referência.
6-    Imaginar que o Òrìșà do consulente fala na consulta.

São muitos os erros que poderiam fica descrevendo por longo tempo, por outro lado resolvemos postar informações que caracterizem uma identificação do método oracular mérìndilogun.

Não existe jogo de búzios sem iniciação em Èṣù e Òsun, em hipótese alguma um sacerdote que não seja iniciado nesses dois Òrìșàs poderá consultar o mérìndilogun. Òsun é a dona desse oraculo e Èṣù é o transmissor das informações fornecidas por ela ao consulente.

Os babalórisás e Ìyálóòrìsà que não tem muita experiência  interpretam o mérìndilogun até a decima segunda caída conhecida por ejilá, o odu extraído é identificado através do sistema de ibò se esta em ire ou ibi, por um sistema onde o consulente participa diretamente da consulta. O sistema de ibò mais comum identifica em um objeto confeccionado com búzios o odu em ire e o odu em ibi por um pedaço de o osso, o mecanismo é bastante simples na hora da consulta o consulente é convidado a escolher em qual das mãos sem que o sacerdote veja os búzios e o osso permanecerem posteriormente em um processo seletivo considerando a hierarquia usada em cada método em consultas complementares o sacerdote solicitará a abertura em uma das mãos.

Obs: evidentemente que não vamos descrever com exatidão o processo de seleção das mãos, porém para que o nosso leitor possa ter uma noção de como é o processo descreveremos da seguinte forma, as caídas de búzios pares identificariam a mão direita, e as caídas impares a mão esquerda no processo de ibò.

 O ire (sorte aspecto positivo), e o ibi (aspecto negativo) de um mesmo odu deve ser extraído com muito cuidado por que só assim teremos a capacidade de interpretar a verdadeira mensagem contida no jogo.

Esse texto apresenta algumas características do ire e do ibi constante em todos os odus. A ideia é chamar a atenção que um único odu não pode, como querem alguns, reunir todas as características positivas ou negativas existentes, como na atual obàrà mania.

1) Òkànràn- Èṣù, Ṣàngó.
IRE- Novo caminho, oportunidade material, progresso.
 IBI- Medo, insegurança, impulsividade.

2) Eji oko- Ibeji, Ìyá mi.
IRE-Nascimento, dualidade, inicia.
IBI-Morte, escuridão, desordem.

(3) Ògúndá- Ògún, Ọ̀sanyìn.
IRE-Profissão, construção, força.
IBI-Violência, desastre, doença, brigas.

(4) irosún- Ògún egun Yèmojà
IRE-Caminhos abertos, realização, ambição.
IBI-Intranquilidade, inquietação, arrependimento.

(5) Ose-Osun
IRE-Suavidade, ingenuidade, amor, riqueza, riqueza.
IBI- Ilusão falta de foco, fofoca, curiosidade.

(6) Obàrà- oxalá, Osòosì, Ṣàngó.
IRE-Sorte, paciência, habilidade, potencial.
IBI- Inveja, roubo, perda, inquietação.

(7) Odi -Oloogun Ede, Osòosì, Èṣù.
IRE-Liderança, persistência, sensibilidade.
IBI- Polêmicas, problemas, brigas, traições.

(8) Eji Ogbe- Ọbàtálá, Ifá, Yèmoja, Obàlúwaiyé.
IRE-Alegria, encanto, felicidade, grandeza, sucesso, inicio.
IBI- Nervosismo, preguiça, altos e baixos.

(9) Osa- Iya mi, Oya, Yèmoja.
IRE-Viagens, Espiritualidade, Família, mudança.
IBI- Falta de coragem, duvidas depressão.

(10)- Òfún Òsànlá
IRE-Vitória, determinação, realização, paciência.
IBI- Lentidão, desânimo, fraqueza, fragilidade.

(11) Òwónrín- Oya Egúngún
IRE-Pressa, poder, força, Otimismo, realização.
IBI- Perigo, acidente, violência.

(12) Ejila-(Iwori), Ṣàngó.
IRE-Emprego, dinheiro, negócios, política.
IBI- Avareza processos, loucura.

(13)métala, lka- Soponnan, ìyá mi, Nana.
IRE-Espiritualidade
IBI- Perigos, doenças, feitiços, morte.

(14) mérinlá, Oturupon- ìyá mi Obàlúwaiyé
IRE- Espiritualidade, vidência, intuição.
IBI- Doenças, fase negativa miséria.

(15)Mògún- (Òfún Òkànràn) Èṣù, Olóòkún.
IRE- A capacidade de recomeçar rapidamente.
IBI- A falta de Iniciativa, desilusão, decepção.

(16) mérìndilogun Irete- Ifá, Soponnan, sociedade Ogboni.
IRE-Ligação com a espiritualidade, o renascimento.

IBI-O fracasso, a morte.


quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Oxalá come dendê?

Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

A palavra funfun em yoruba quer dizer branco, os Òrìșàs designados funfun no novo mundo adquiriram características no mínimo estranhas a sua origem.

 Na Nigéria esses Òrìșàs pertencem a um grupo bastante cultuado e nada dos rituais foi perdidas sendo assim todas as questões que vamos abordar aqui podem ser facilmente confirmadas.

No Brasil Òrìșà funfun é Oxalá (Ọbàtálá), na Nigéria esse termo é usado para designar varios Òrìșàs entre eles estão Òrìșà Òkè, Olóòkún e Ọbàtálá.

A designação funfun identifica para os yoruba Òrìșàs masculinos de primeira geração, embora essa questão possa ser discutida levando em consideração outras abordagens. Considerando o raciocínio inicial os Òrìșàs femininos recebem a designação pupa (vermelho), e os filhos desses seriam conhecidos como Òrìșàs dúdú (preto).

Essa forma descrever um amplo e complexo histórico da religião tradicional yoruba teria respaldo no campo da matemática, mas no plano espiritual a questão segue por outro caminho até porque com exceção de poucos autores, o termo Òrìșà pupa (vermelho) e Òrìșà dúdú (preto), não são usados.

Já em nosso país a situação referente a Òrìșà funfun se confundiu mais ainda a partir da proibição do uso do óleo de dendê no culto a Ọbàtálá. A confusão foi tanta que foi inventado um Ṣàngó, um Èṣù, uma Oya e até um Ògún que não come dendê.

Em todos os rituais para Èṣù, Ṣàngó, Ọya, Ògún e outros Òrìșàs o uso do dendê não sofre restrição com exceção dos rituais para Ọbàtálá.

Quando abordamos a questão do culto de alguns Òrìșàs em nosso país, no caso de Ṣàngó ser chamado de Aira a situação se complica mais ainda, considerando o fato que na terra mãe esse termo é bem conhecido nos Oríkìs de Ṣàngó. Baseado nesse fato o culto ao conhecido Òrìșà Aira no Brasil seria mais que uma confusão entre dois Òrìșàs, um erro de interpretação da língua yoruba e da teologia dos Òrìșàs.

Na abordagem inicial colocamos em dúvida a teoria que defini masculino, feminino e elemento procriado em clãs identificados por cores, essa teoria cai por terra quando tomamos consciência que o Òrìșà feminino Yèmowó também é funfun.

Historiadores e religiosos crédulos e estudiosos tendem a ter opiniões diferentes um religioso diria que na religião tradicional yoruba existe um grupo de Òrìșàs que antecedem a criação do mundo, que recebe o nome de funfun, entre eles: Òrúnmìlà, Òsun, Olóòkè, Òrìșà Oko, Ajala, Ọbàtálá, Yèmowó, Odùdúwà, Olóòkún, Yèmoja, Olósà, Ajésálúgà, Ikú.

Já um estudioso ficaria inclinado a fazer uma pesquisa mais abrangente e com varias citações de inúmeros escritores entre vírgulas, pontos de exclamação e interrogação assumiria a conhecida abordagem que Odùduwà seria filho de Lamurudu atribuída por muitos com segundas intenções a uma modificação fonética do nome Nimrod, em uma tentativa absurda de identificar Òrìșàs com a bíblia católica.

A verdade é uma só os Òrìșàs continuam com os seus cultos intactos no território yoruba, aqueles que de fato amam a nossa religião tem um amplo campo de pesquisa na busca da verdadeira origem da religião afro brasileira.

Considerando o fato que o uso de dendê é abundante no culto dos Òrìșàs funfun Òrúnmìlà, Òsun, Olóòkè, Òrìșà Oko, Ajala, Yèmowó, Odùdúwà, Olóòkún, Yèmoja, Olósà, Ajésálúgà, Ikú, a discursão entre estudioso e religioso deve continuar como forma de esclarecer os adeptos e simpatizantes da religião tradicional yoruba.





quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Ifá, Òrìsà, dinheiro e fé



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

Tenho assistido alguns comentários pejorativos na rede social contra os Nigerianos que estão atendendo no Brasil em razão da valorização do dinheiro.

A verdade pode até surpreender as pessoas que não conhecem a religião tradicional yoruba, mas quem é iniciado, não se surpreende, a religião dos Òrìșàs em terras Nigerianas é bem clara e tudo que se pratica está contido nos versos de Ifá.

No verso do Odu Odi Ogbe explica que o dinheiro faz parte do ebó:

ÌDÌN OGBÈ
Bí bèmbé bá ko gúdù
Quando bèmbé faz sons de tambor
Gbogbo aya oba ló njó
Todas rainhas jovialmente dançam
A d’ifá fún adabo
Lançou Ifá para adabo (ajuda na manifestação do ebo)
Adabo nti òrun bò wá ayé
Quando adabo estava vindo do céu para a terra
A rú ebo náà ni owó
Nós estamos fazendo o ebo com dinheiro
Ifá kí o jé ó fín
Ifá por favor faça com que o ebo se manifeste
Tí ó bá tó ebo, kí e jé ó fín
Se os materiais para o ebo são completos deixe que ele se manifeste
Adabo jò ó jé kí ebo, ó dà fún elébo ò adabo
Adabo por favor deixe o ebo se manifestar para o cliente.

Tenho dito exaustivamente que a teologia sem a filosofia é a neblina que ofusca os olhos da verdade daqueles que se dizem religiosos.

Aqueles que querem conhecer a religião tradicional de verdade devem ir até o território Yoruba ou na medida do possível devem buscar uma forma de conviver algum tempo com essas pessoas para que consigam entender essas questões.

Estamos falando de uma religião milenar, estamos falando da cultura de um povo que mora do outro lado do oceano, querer entender outra cultura baseado na educação que recebemos aqui é quase impossível.

O discurso de alguns críticos é infundado e rebuscado de maldade e de inveja daquele que conseguem obter uma renda razoável vivendo da religião.

Na igreja católica nenhuma criança é batizada sem que seja feito o pagamento ao padre, nas igrejas evangélicas todos os rituais são subsidiados pelo dizimo dos fieis.
Porque na religião dos Òrìșàs seria diferente?

O discurso da caridade outrora divulgado pelas bases da igreja católica era proferido por um líder sentado em um trono de ouro, é impossível aplicar isso para todas as religiões.

Uma passagem de ida e volta para a Nigéria tem custo bem alto assim como os materiais que são importados, é evidente que de algum lugar deve sair o dinheiro para pagar esses custos. É bem verdade que alguns exageram na hora de cobrar, mas o pagamento é necessário.

No tocante ao ifá a grande maioria dos sacerdotes começa a se preparar na infância estudando a palavra de Òrúnmìlà, esses mesmos sacerdotes dedicam suas vidas a ifá e aos estudos, como poderiam sustentar suas famílias se não tivesses o pagamento, já que se dedicam com exclusividade a religião.

Se você for sem dinheiro consultar um médico ele vai lhe atender?

Se você for sem dinheiro consultar um dentista ele vai lhe atender?

Se você precisar de um policial e o estado não pagar o salario dele ele vai trabalhar?

Não.

Estou acostumado a escrever sobre assuntos deliciados, porém nesse caso escrever sobre dinheiro para mim fica bastante complicado, porque também sou um sacerdote sendo assim farei uma analogia desprezando o comparativo baseado no fato que a fé é imensurável:

- Quando você vai ao medico necessita fazer o pagamento, os custos das preparações de um bom médico são altíssimos.

- Quando você consulta um advogado necessita fazer o pagamento porque os custos da preparação desse profissional são enormes.

- Um bom Bàbàláwo é medico, advogado, psicanalista, além de orientador financeiro e um profundo conhecedor dos males que afligem os seres humanos.

Por que as pessoas têm dificuldades de entender o obvio?

Se você não se alimenta, você morre, se você não coloca gasolina no automóvel ele não anda, e se você não tiver dinheiro para pagar a água certamente não vai tomar banho, porque o pagamento do trabalho do sacerdote da religião de Òrìșà é visto com maus olhos.

A mola propulsora do asè não é a fé, o que impulsiona os rituais é o conhecimento, com fé sem conhecimento o resultado é um desastre, já o conhecimento aplicado em quem não acredita alcança o mesmo resultado que alcançaria em um crédulo exemplo:

-Se uma pessoa estiver desacordada na UTI e for necessário fazer um ebo, a fé do beneficiado não implica nos rituais, o conhecimento e a fé do sacerdote que vai fazer a diferença.

Toda vez que um trabalho sacerdotal é contratado e o pagamento deixa de existir, o não cumprimento de uma das partes prejudica a continuidade do que foi feito, considerando o fato que o asè é combustível na manutenção da energia empregada.
Vou tentar explicar isso de forma mais clara, mesmo sabendo que certamente serei mal interpretado, mas supondo que o pagamento por um ebo ou iniciação não tenha sido feito, a insatisfação de uma das partes bloqueia a energia gerada por ele em desenvolvimento.

Na grande maioria dos ebos é a energia do sacerdote que é usada para acessar o Òrìșà, um sacerdote doente e fraco encontra limitações para desenvolver os rituais, da mesma forma que um sacerdote insatisfeito encontra dificuldades para impulsionar o seu asè.

Se o maior de todos os Òrìșàs é o Òrì, o poder de realização esta ligada a satisfação, a alegria, a felicidade e ao conhecimento assim como a saúde, esses elementos geram a segurança e a confiança possibilitando a força e a realização.

Um sacerdote insatisfeito ou inseguro tem o asé prejudicado, a preocupação assim como a inquietação prejudicam a concentração, sem concentração a conexão com a força vital é prejudicada.

O asé é desenvolvido com o tempo, ele pode aumentar ou diminuir dependendo do comportamento e do conhecimento do sacerdote, para a manutenção do asé é necessário rituais, rituais custam dinheiro.

Então vai haver quem me pergunte se com dinheiro tudo se consegue, eu responderei não.

 Porem  farei a seguinte consideração, sem o dinheiro pouco ou quase nada se consegue.

Na formação de um bom sacerdote a ética é fundamental, nesse caso ela atua como ponto de equilíbrio na balança que limita a ganância e o poder.

Na década passada alguns lideres religiosos em nosso país desenvolveram um discurso contra os sacerdotes que viviam exclusivamente para a religião, diziam esses senhores que no Brasil era impossível iniciar um Bàbàláwo, o tempo passou e a crise financeira mundial incentivou os mesmos a mudar o discurso, hoje esses mesmos senhores passam horas na internet anunciando iniciações no território nacional.

A falta de fidelidade as convicções outrora divulgadas assim como a falta de ética de alguns supostos sacerdotes terminam alimentando os discursos de ignorantes sedentos de aplausos, essas manifestações contaminam a opinião daqueles que não conhecem a religião yoruba.

A precipitação daqueles que mesmo desconhecendo os assuntos emitem opinião é uma característica clara ou da ignorância ou da ansiedade.

Òkànràn Osá

Ilè iwájú ti Olúwo ló ni k’èbo náà ó fin
Com o ase de meu Olúwo este ebo se manifestará
Ilè ti èyìn ti Ojùbònà ló ni k’èbo náà ó fin
Com o ase de meu Ojùbònà este ebo se manifestará.