Ifá
Preocupado em esclarecer os leitores, do nosso blog, para que não haja mais duvidas do culto de ifá e a religião tradicional yoruba, estamos divulgando alguns textos que poderão ajudar as pessoas em uma melhor compreensão da cultura e da religião yoruba como um todo.
Existe uma confusão, entre a realidade e as lendas, isso é comum em todas as culturas, no inconsciente coletivo fica gravado ao longo do tempo, as imagens de mais fácil assimilação, o texto abaixo, identifica, baseado em obras dos mais renomados autores yorubanos e europeus, que pesquisaram sobre a religião yoruba.
E muito fácil identificar que a origem do culto de ifá, em nada tem haver com a religião tradicional yoruba, a assimilação do povo yoruba em sua religião tradicional, há influência de ifá, é facilmente confirmada.
O culto à ifá é exclusivo, independente e superior aos demais, com cargos sacerdotais e liturgia próprios, totalmente diferente do culto aos demais orisás.
Existem muitas diferenças, entre um Bàbáláwo e um Bàbálórìsà:
A iniciação de um Bàbáláwo não comporta a perda momentânea de consciência (a conhecida incorporação) que é comum na iniciação dos Òrìsàs.
Na iniciação de um Bàbáláwo não se trata de ressuscitar no inconsciente o eu perdido, correspondente à personalidade do ancestral divinizado.
A iniciação de um Bàbáláwo é totalmente intelectual. Ele terá de passar por um longo período de aprendizagem de conhecimentos precisos em que a memória é muito exigida e a incorporação é compreendida como além de desnecessária inadequada.
Vejamos o que diz o texto abaixo, não esquecendo que estamos falando dos maiores conhecedores da religião (Èsìn yorùbá).
Não é sem motivo, pela importância de Orunmilá, que possua um culto exclusivo, independente e superior aos demais, com cargos sacerdotais e liturgia próprios.
Oriundo de Ifé, o culto se propagou por diversas regiões do Continente Africano, desde a Nigéria Ocidental até o Baixo-Togo onde ocupa uma região que se estende até a fronteira do antigo Império do Dahomé além de todos os países pertencentes à etnia ioruba.
Zunnõ, o informante de Maupoil anteriormente mencionado, afirmou que Ifá foi revelado através dos 16 signos oraculares principais (Odu-Meji) por Mawu ...”sobre uma pedra retangular branca instalada por Mawu em Meca.
Meca teria sido, segundo Zunnõ, o local onde surgiu o culto, sendo daí transportado para outras regiões, tendo então se estabelecido em Ifé, onde foi criado o primeiro centro de estudos de Ifá e de culto de Orunmilá.
A origem árabe do sistema oracular de Ifá pode ser comprovada de diversas formas muito mais “seguras” que uma simples declaração feita por um babalaô.
1 - As figuras que compõem o sistema de Ifá são perfeitamente iguais às que compõem um sistema divinatório de origem oriental denominado “Geomancia Árabe”, muito usado também na Europa.
2 – Em todos os procedimentos do oráculo de Ifá, tudo é feito, escrito, lido e interpretado da direita para a esquerda, maneira adotada pelos árabes para escrever.
3 - A palavra “fá” usada pelos fon da mesma forma que “Ifá” pelos nagôs e “Afã” pelos minas do Togo pode ser encontrada no idioma árabe onde significa “sorte”, “augúrio” .
– Na Pérsia nos séculos VIII e IX, ou seja, na florescência da cultura iraniana, a Geomancia era matéria ensinada em Universidades célebres como a de Bagdá e estudada pela elite intelectual da época. Foram os sábios formados nestas mesmas universidades que, junto com a filosofia e a ciência adquiridas, levaram a Geomancia à Alexandria.
É Epega, o africano, quem afirma:
“Os símbolos Odu são muito antigos. Eles originaram de Orunmila em Ile-Ife. Sinais similares parecem ter sido usados no Egito (anteriores pelo menos a 3.000 aC”.
Para fechar a questão destacamos, da obra de Frikel, a seguinte afirmativa:
“Ifá pertence ao Mussurumi e é verdade que, como demonstram Trautmann e Maupoil, a adivinhação de Ifá parece ser de origem muçulmana”.
Baseado no texto do site (http://egbeifaajagajigi.no.comunidades.net/index.php?pagina=1209575114_04)
Referência Bibliográfica
1 - Os versos de Ifá fazem referência a sete Ifé. O primeiro, e possivelmente o original é Ifé-Oòdáyé. Os outros são Ifé-Nleere, Ifé-Oòyèlagbòmoró, Ifé-Wàrà, Òtù-Ifé, Ifé Oòrè e Ifé-Oòjó. (Abimbola, 1977, p. 5).
2 - “... sur une pierre rectangulaire blanche intallé par lui à la Mecque" ... De haut en bas étaint inscris: les lettres de l'alphabet árabe, les seize signes principaux de Fá et les caracteres latins...” ( Maupoil 1988 ).
3 -“Fá” ou “fa’lun” = Augúrio / “mujarrib el fal” = aquele que prevê o futuro, adivinho (Maupoil, 1988).
4 - Epega, 1987.
5 – Protasio Frikel – Die Seelenlebre dar Gêge und der Nagô. (Citado em Bastide e Verger, 1981).
Se vc gostou, compartilhe, reproduza. Só não esqueça que a produção intelectual é de propriedade privada, então, credite a autoria dos textos. Obrigado
Bàbàláwo Ifágbaíyin