sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Iniciar em Ifá ou não
Autor: Bàbàláwo Ifágbaíyin Agboola

Algumas pessoas tem me perguntado sobre a iniciação em Ifá; gostaria de dizer que de um modo geral não existe um pré-requisito para se iniciado em ifá, a consulta que vai indicar a iniciação ou não.

Ao contrário do que acontece em território yoruba que as pessoas antes de serem iniciadas em Òrìșà são iniciadas em Ifá, em nosso país por uma questão cultural elas são iniciadas em Òrìșà primeiro, e isso pode ser um problema, sendo assim o ritual de iniciação em ifá quase sempre identifica a necessidade de complementar a iniciação anterior.

Na verdade o que vai favorecer a pessoa que vai ser iniciada em Ifá, além dos rituais e da aproximação do individuo com o seu destino é o conhecimento do sacerdote que vai ministrar o ritual, assim como o conhecimento do seu Ojugbona.

A figura do Ojugbona é muito importante, pois será essa a pessoa responsável pela preparação do awo Ifá.

Isefa

 Pré-iniciação a onde a pessoa é chamada de Omo ifá, nesse ritual a pessoa será informada através de um odu provisório o melhor caminho a ser seguido que possibilitará o seu crescimento pessoal e espiritual.

Em hipótese alguma deve se raspar a cabeça, nesse ritual.

Itefa  
  
A iniciação onde o odu de nascimento é extraído através de ritual com os ikins que pode ou não definir caminho de sacerdócio.
Nessa ocasião, a cabeça do iniciado será raspada.

Itelodu

Cerimônia que pode acontecer logo após o itefa ou em data indicada por Òrúnmìlà, ritual mais importante onde Iya odu reconhece o filho.
Somente após o Itelodu o Bàbàláwo será confirmado e testado em seus conhecimentos podendo assim ao longo do tempo receber o titulo de Oluwo e a autorização para ter a sua família.

Existe algumas pequenas diferenças nos rituais dependendo da região do território yoruba, mas, de um modo geral a ordem deve ser essa, das obrigações pelas quais passa um iniciado até chegar a Bàbàláwo.

A ordem descrita acima não é uma regra em uma consulta a pessoa pode ser orientada por Òrúnmìlà para que faça somente isefa ou até mesmo um itefa, mas quem decide é Òrúnmìlà a natureza do ritual é sempre o Òrìșà.

Obs: Salvo raríssimas exceções somente os Oluwos tem assentamento de Iya odu, é evidente que o odu de nascimento pode determinar a diferença entre os Bàbàláwos que na cerimônia de Itelodu recebe o assentamento de Iya odu e aqueles que não recebem o assentamento de imediato.
O odu de nascimento também indica a necessidade de iniciação em outros Òrìșà. Também é verdade que é raríssimo que um Bàbàláwo se torne um Oluwo sem que seja iniciado na sociedade Ogboni.

Os juramentos feitos na iniciação Ogboni permitirão que o Ojugbona e o Oluwo possam ter a tranquilidade de passar segredos para o Bàbàláwo, a relação de confiança entre as partes é que vai pautar os ensinamentos a serem abordados.

Por orientação do Araba de nossa família um Bàbàláwo só se torna um Oluwo após um período mínimo de estudos de cinco anos, alguns Bàbàláwos podem receber autorização para fazer isefas em um prazo inferior ao citado acima, mas é exceção. 

O Òrì de cada iniciado é que vai definir a sua capacidade de aprendizado, podendo ou não alterar a data onde o Bàbàláwo terá seu conhecimento testado, implicando diretamente em sua formação, considerando que o tempo de assimilação dos ensinamentos varia de pessoa para pessoa.