sábado, 12 de setembro de 2015

Ifá e o recomeço.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola


O mundo moderno repleto de novidades propicia para os despreparados uma eterna frustração, é a vontade de ter o celular da moda, o carro do ano ou o corpo magrinho do modelo que aparece na novela, todos os dias tem uma explosão de informações sendo jogadas na rede social, informações essas que se não bem digeridas terminam nos criando problemas.

Os jovens na grande maioria são as maiores vitimas, é na juventude que temos quase sempre um grande numero de sonhos, sonhar é preciso, mas ter os pés no chão ajuda muito.

Muitas vezes moças jovens e bonitas são levadas pelos encantos de promessas sedutoras de trabalho. O tempo passa e os problemas aparecem, o corpo se transforma e quando a aparência jovial deixa de existir o numero de supostas oportunidades diminui.

A situação acima citada acontece com os jovens de ambos os sexos, jovens garotos que praticam esportes e tem o corpo fisicamente atraente também são vitimas e se deixam levar por promessas.

Homens e mulheres que não se preparam para um futuro profissional desde a juventude comumente sofrem com as decepções da vida moderna, é comum ver pessoas falarem de seus sonhos exteriorizando suas tristezas e as suas magoas como resultado de lembranças do que não deu certo.

As vezes os culpados são os pais dos adolescentes que transferem os seus sonhos não realizados para seus filhos os levando para uma sequencias de frustações e decepções.
Os jovens que não praticam a religião normalmente são mais inseguros que os religiosos isso implica em mais insegurança, menos informação e maior numero de equívocos.

A religião deveria auxiliar os jovens para que tivessem informações das possibilidades da realização de seus sonhos, isso amenizaria o impacto com a realidade e facilitaria a correção do destino.

Outro dia conversando com um amigo que se chama Henrique ouvi dele uma frase muito engraçada, disse ele:

-Se existisse alma gêmea o Fabio Junior não teria se casado sete vezes.
A expectativa criada na vida sentimental, financeira ou social é do tamanho da frustração quando os planos dão errado.

O amor descrito em romances e mostrado em novelas não existe, o sucesso financeiro de um dia para o outro não existe e o reconhecimento em um começo de carreira é quase impossível.

As frustrações marcam de uma forma o individuo que termina castrando o seu futuro, o temor do insucesso cria um fantasma que inibe o sonhar e o amar, as vitimas das desilusões não conseguem fazer planos, elas não conseguem enxergar o futuro porque para elas o futuro em suas mentes afetadas é igual a o passado.

A religião tradicional yoruba pode ajudar essas pessoas que por uma razão ou outra tiveram suas vidas marcadas por desilusões ou frustrações, a cerimonia do itefa é considerada um renascer, uma oportunidade nova, uma nova chance para fazer tudo diferente, tudo melhor.

Basta querer a mudança, querer mudar é o primeiro passo!

Se você viveu um período de sua vida que não foi aquilo que você gostaria de ter vivido, mude, se você, se envolveu com coisas que não devia mude, se você amou quem não lhe amava encontre outra pessoa para amar, recomece a sua vida.

Após o itefa o iniciado ganha um novo nome, o nome religioso, ele também recebe inúmeras informações sobre o seu destino que facilitaram o inicio de uma vida nova. Além de todos os benefícios provenientes das informações contidas no odu de nascimento, a cerimonia livra de obstáculos espirituais que impediam o encontro da felicidade.

A iniciação em Ifá da uma oportunidade de recomeçar com a mente voltada para o futuro com a experiência do passado servindo de referencia para evitar erros.
Olódùmarè (Deus) em sua sabedoria infinita criou o homem para fazer grandes realizações, é nossa obrigação tentar melhorar, tentar superar as dificuldades e ser feliz só assim vamos cumprir o nosso destino.

A religião tem como obrigação religar o homem com Deus, sendo assim devemos entender religar com o divino como sendo religar com a sabedoria e a felicidade, isso nos leva a concluir que devemos usar a sabedoria milenar de Ifá como uma maneira de ser feliz.

A vida moderna com equilíbrio e felicidade é possível, porem o consumismo e a vaidade em demasia assim como a ambição e a cobiça são monstros que tacam diariamente a nossa mente.

 A religião tradicional yoruba nos fortalece e nos revigora com informações que somente Òrúnmìlà conhece.

 Òrúnmìlà testemunhou o destino por nós escolhido antes do nascimento ele é o único Òrìșà que pode nos mostrar o verdadeiro caminho.

Os Òrìșà são elementos facilitadores em nossa caminhada, mas somente Òrúnmìlà tem o mapa da estrada que devemos percorrer.

A iniciação em ifá possibilita uma nova caminhada com segurança e tranquilidade rumo ao destino por nós escolhido, e ninguém escolhe ser infeliz.






domingo, 23 de agosto de 2015

A história do Ifá no Brasil.

A hegemonia terminou, mas a história continua.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Um político e cientista italiano chamado Antônio Gramsci formulou o conceito de hegemonia. Para Gramsci, hegemonia é o domínio de uma classe social sobre as outras, em termos ideológicos, em especial da burguesia com as classes de trabalhadores.

Em nível conceitual, a hegemonia indica um equilíbrio entre o domínio e a liderança.
Em sentido figurado, a hegemonia indica uma supremacia ou poder de um elemento sobre outro, podendo ser pessoas ou coisas.

Historicamente o Ifá no Brasil deve homenagem a dois homens, o Bàbàláwo Nigeriano Fabunmi Sowunmi e o Bàbàláwo cubano Rafael Zamoura, esses dois sacerdotes construíram a imagem inicial do Ifá no Brasil.

O cubano Rafael Zamoura foi á pessoa que mais iniciou em Ifá no estado do Rio de Janeiro, com seu trabalho o sacerdote (Ogundakete) plantou uma semente que mantem até os dias de hoje o Ifá em destaque na cidade Carioca.

O Nigeriano Fabunmi Sowunm participou de um trabalho feito no estado de São Paulo no instituto Odùduwà de propriedade do babalorixá Siriku Salami, Baba Fabunmi com carinho e seriedade fez muitas iniciações em Ifá no estado de São Paulo, o sacerdote durante o tempo que esteve em nosso país ajudou a divulgar a religião tradicional yoruba.

O trabalho da família Aworeni do Ifá tradicional nigeriano também é muito conhecido no Brasil, principalmente no estado de São Paulo. Alguns dos Bàbàláwos dessa família também fizeram um trabalho de divulgação do ifá no Uruguai e Argentina.

Hoje a família que mais inicia em Ifá no Brasil é a família Agboola, esse trabalho foi iniciado á quase quinze anos pelo Bàbàláwo Oyeniyi Agboola.

Amanhã ou depois outras famílias poderão escrever uma história diferente no Ifá brasileiro, com mais sucesso ou com mais iniciações, com outros excelentes sacerdotes, mas a memória desses nossos antepassados deve ser respeitada.

A contribuição de Rafael Zamoura, Ifabunmi, Nelson Odi meji, Adilson Ogbe bara e tantos outros devem ser vista com carinho por todos aqueles que hoje fazem parte do Ifá brasileiro.
A hegemonia terminou, hoje temos inúmeras famílias divulgando o culto a Òrúnmìlà em nosso país, vamos olhar para o futuro com o respeito que nossos antepassados merecem.

Houve um tempo que o ifá era cultuado somente nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, hoje o culto a Òrúnmìlà esta presente em todo o território nacional.

 Nós somos responsáveis por manter a imagem e o respeito que os orixás e seus sacerdotes merecem, o Ifá e os nossos antepassados merecem a nossa dedicação.

A união entre as famílias pode fortalecer o culto a orixá em terras brasileiras, juntos podemos identificar as pessoas que prejudicam o trabalho de nossos antepassados, agindo assim vamos garantir o respeito a nossos descendentes.

A história não vai ser diferente, em um futuro alguém vai escrever sobre o Ifá novamente, se o seu nome vai ser citado amanhã depende do seu comportamento hoje.

 Um Bàbàláwo tem que ser um exemplo, o sacerdote de Ifa tem um compromisso com a verdade e com a honestidade, nenhuma pessoa se faz Bàbàláwo ela nasce Bàbàláwo, infelizmente algumas com o passar do tempo se afastam dos seus destinos.

O itelodu da inicio a caminhada de um Bàbàláwo, a cerimônia é a retomada do destino, mas é o caráter do iniciado que vai caracterizar o seu comportamento, é com suas atitudes que ele vai conquistar o respeito e o direito de ser reconhecido como sacerdote.

 Ser um Bàbàláwo é uma eterna busca pelo seu melhor, é a manutenção permanente do bom caráter, é a elevação do espirito com base no conhecimento da doutrina de Òrúnmìlà.


Esse texto é uma homenagem á aqueles verdadeiros Bàbàláwos que escreveram a história do Ifá no Brasil.

Texto: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

sábado, 15 de agosto de 2015

Orunmila e os falsos sacerdotes.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

Na noite passada conversando com uma amiga da internet me ocorreu fazer uma pesquisa no código penal brasileiro, fiz a seguinte constatação:
Artigo 307 Código Penal.

Atribuir-se ou atribuir à terceira falsa identidade para obter vantagem em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena.

Detenção, de três (três) meses a 1 (um) ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.

O crime de falsa identidade:

Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

Pune-se quem faz uso (e não somente tem a posse) de documentos falsificados, públicos ou privados, oriundos das práticas criminosas previstas nos artigos 297/302: a) falsificação de documento público (art. 297); b) falsificação de documento particular (art. 298); c) falsidade ideológica (art. 299); d) falso reconhecimento de firma ou letra (art. 300); e) certidão ou atestado ideologicamente falso (art. 301); f) falsidade de atestado médico (art. 302).

A penaem nosso país para essa safadeza com agravante pode chegar á 15 anos na cadeia, mas nada acontece com os falsos sacerdotes de nossa religião.

Já na Nigéria além de ser preso o sujeito pode ser surrado em publico como forma de exemplo para coibir novas tentativas, mesmo assim nos maiores aeroportos do território yoruba é comum acontecer à prisão de falsos sacerdotes que enganam turistas menos avisados.

Imaginem se isso acontecesse no Brasil, ás prisões estaria lotadas, tem muita gente com casa bonita, roupa bonita e uma ficha policial bem feia, se passando por sacerdote para tomar o dinheiro do povo.

No território brasileiro vendedor de obi vira bàbàláwo, vendedor de roupa africana vira bàbàláwo e até muçulmano vira bàbàláwo é só desembarcar no aeroporto e o sujeito se transforma no maior conhecer sobre orixá.

Acontece que aqui tanto os brasileiros como os nigerianos não são presos por mentir que são sacerdotes, o máximo que acontece é o sujeito ser chamado de mentiroso.

Eu atendo vitimas desses mentirosos todos os dias, tem um em São Paulo que deveria estar na cadeia sendo que o próprio Oluwo dele diz que ele não é bàbàláwo, mas nada acontece.

Tem outro em Uberlândia que até responde alguns processo, mas segue em liberdade, engando e roubando as pessoas.

No Brasil acontece de tudo, tem até venda de Iya odu pelo correio, você deposita alguns dólares no West Union e recebe uma vasilha cheia de folhas secas e um certificado dizendo que você é Oluwo.

Em nosso país se você se passar por sacerdote católico você vai preso na mesma hora, porém se você disser que é Bàbàláwo sem ser nada acontece, quem consegue entender isso?

Uma pessoa qualquer constrói uma casa bonita compra roupas yorubanas e posta na rede social que é Bàbàláwo, sem ser, e nada acontece, na Nigéria se a mesma situação acontece o sujeito fica anos na prisão.

Até entendo isso que acontece, no Brasil temos vários ex-presidentes, ex-governadores, ex-senadores comprovadamente ladrões em liberdade, entendo, mas, não aceito.

A minha indignação é a mesma indignação de milhares de pessoas que já foram enganadas em nome dos orixás.

Falsos, incompetentes, bandidos se passam por babalawos, oluwos, arabas e babalorixás todos os dias e ninguém faz nada, até quando isso vai continuar?

Até quando vão ser vendidos títulos falsos, certificados pela ganância e pela ambição.

No território Yoruba um Bàbàláwo estuda durante anos, dedica uma vida inteira a Ifá sem receber certificado, será que o nosso povo não entende que o papel aceita tudo.

Enquanto isso dinheiro vai certificado vem.







sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O verdadeiro amor


Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Um dia desses sai com um amigo e quando passamos por uma loja ele me mostrou uma moça muito bonita e percebi que ele se sentiu atraído por ela, ele não parava de olhar para a moça mesmo tendo um compromisso com outra pessoa.

 Eu disse a ele que ele deveria se separar e tentar uma aproximação com a moça da loja.

 Falei para o jovem rapaz, o amor é lindo demais para suportar inseguranças e incertezas.

 Vá em busca do verdadeiro amor, quando você amar de verdade você só vai enxergar a pessoa amada, não vai existir lembranças do passado e nem atrações repentinas porque o seu coração vai estar ocupado com o verdadeiro amor.

 A vida é uma só e tudo passa muito rápido para quem está com dúvidas, se entregar ao verdadeiro amor é fundamental, busque a felicidade.






terça-feira, 11 de agosto de 2015

O maior Bàbàláwo da história.

The biggest story of Bàbàláwo



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola


O Araba Akano Fasina Agboola, em 1935 consultou ifá e foi orientado a mudar se de Osogbo para a cidade de Lagos dando assim inicio a uma página importante da história de ifá no mundo.

O Araba Akano mudou se para o bairro conhecido como Ebute Metta, em Lagos, esse valoroso sacerdote fez mais de 2000 iniciações, tornando se assim o maior Bàbàláwo da história.

O saudoso Araba tinha como odu Ogbe Alara, ele era filho carnal do Oluwo Ifasina do odu Ogbe Di, ele era neto do Oluwo Ifagbemi do odu Ogbe Meji e bisneto do Oluwo Fatoki do odu Ogbe Sa.
O Araba tinha dez mulheres e mais de trinta filhos, com a esposa a Iyanifa Mojisola Olasinde Agboola teve varios filhos todos iniciados em Ifá, entre eles o Oluwo Oyeniyi Awolola e o Araba Awodiran Agboola.

Os Bàbàláwos da família Agboolà hoje atendendo na Nigéria, Inglaterra, Estados Unidos, Brasil, Venezuela, Mexico, Espanha e Uruguai seguem dando continuidade ao trabalho iniciado na cidade de Osogbo, pelo saudoso Arabá Akano.

Muitos dos sacerdotes mais importantes do ifá na Nigéria receberam instruções do Arabá Akano entre seus discípulos estão alguns Arabás de outras famílias.

O projeto Ifá é para todos do Bàbàláwo Ifágbaíyin Agboolà tem como sua missão primeira fortalecer a religião tradicional yoruba no Brasil, divulgando o culto do Òrìșà Òrúnmìlà.

O nosso projeto já fez iniciações em três países e em treze estados do território nacional, tornando assim acessível para pessoas de baixa renda os ensinamentos de ifá a iniciação.

Dia 12 de agosto faz 1260 dias que começou o projeto Ifá é para todos, nesse período viajamos 133 mil quilômetros e fizemos 1457 iniciações, para a honra de nosso ancestral, Akano Fasina Agboola.

O projeto ifá é para todos teve inicio no dia 14 de fevereiro do ano 2012, a ideia do projeto visa baixar os custos das iniciações de adultos e iniciar crianças gratuitamente, garantindo assim que em um futuro tenhamos ótimos sacerdotes de ifá em nosso país.

*Dados fornecidos pelo Araba Awodiran Agboola






quinta-feira, 30 de julho de 2015

O equívoco da fé




Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

Particularmente acredito que o esvaziamento das casas de orixás não se deve a falta de fé e sim ao equivoco da fé.

Equivocadamente o nosso povo foi ensinado a acreditar nos orixás somente quando tudo está indo bem.

Na verdade existe uma enorme variante em cada questão entre a resposta positiva e a negativa, mas nos foi ensinado a acreditar no orixá quando tudo está correndo bem e os resultados são positivos.

Chegamos ao ponto de acreditar que o orixá deva fazer tudo que queremos, na data e local por nós escolhidos, na verdade somos tão poderosos que damos ordens para os orixás baseados no equívoco da fé ou no excesso de ignorância.

Quando as coisas não acontecem da forma que queremos mudar de casa ou de família de axé é a opção mais usada, esquecem os menos avisados que existem várias implicações nesses afastamentos já que seguimos uma religião Yoruba temos que ter a consciência que no território Yoruba o homem nasce e vive uma vida inteira pertencendo a uma única casa.

Qual seria a explicação para essa enorme variante na forma de agir que difere tanto os nossos iniciados dos iniciados em terras nigerianas?

A explicação para esse fato que implica no entra e sai das casas de axé é a forma equivocada que nos foi mostrado o orixá, o orixá no Brasil é um super herói que é retratado com uma musculatura excepcional e uma beleza indescritível. Esse exemplo de perfeição ao nosso ver nada mais é que um secretario de luxo que obedece sem replicar, em nada retratando o orixá.

Esse enorme absurdo nos levou a acreditar que a nossa religião é a melhor porque nos possibilita emprego, dinheiro, poder e amor.
Se fosse assim jamais um babalorixá ou um babalawo adoeceria ou teria problemas financeiros.

A pergunta é seguinte:

- Porque em todas as outras religiões não existe essa forma de imaginar as divindades?

O equívoco da fé é o retrato do equívoco da educação como um todo, nos países menos esclarecidos as pessoas são criadas para respeitar os ditames religiosos sem nenhum questionamento, mas se o educador não é bem educado o reflexo é visto no iniciado ignorante.

Oxum não é a mulher maravilha e Ogun não é o super homem, é difícil acreditar, mas é mais ou menos esse o conceito que nos foi passado, com um agravante, os nossos super heróis são escravizados e não tem vontade própria, são obrigados a fazer tudo que pedimos ou deixamos de acreditar neles.

Se isso continuar assim os filhos dos filhos serão reflexos da ignorância que se viveu no passado. A insistência na falta de informação perpetuará o equívoco, prejudicará o presente, desmoralizará o passado e aniquilará o futuro.

Cabe a nós mudarmos essa história com simplicidade e honestidade, orientando os iniciados para que não se equivoquem dando ordens aos orixás. Ensinar religião é como alimentar alguém, a escolha do alimento é que vai implicar em um futuro saudável, se você não orientar corretamente o iniciado, as expectativas não serão correspondidas e a decepção certamente vai acontecer.

As pessoas precisam entender que se elas em um passado foram atendidas em suas preces e hoje não o são, isso não deve implicar em afastamento da sua fé.

Se um iniciado nega o seu nome ele está negando a sua iniciação e está negando a proteção dos antepassados daquela família.

Isso é bem claro, pois se um babalawo jura segurando o ekodide e quebra o juramento o ekodide não tem nenhum sentido, e a sua iniciação deixa de existir. Se ele não usa o nome familiar porque os antepassados daquela família deveriam ouvi-lo em suas orações?

Se um iniciado em orixá quebra um juramento de respeito a sua família e o culto a orixá é familiar, como pode ele seguir invocando aquela mesma divindade, se não pertence mais a aquela família?

As implicações são muitas e os equívocos se multiplicam, fruto da falta de informações corretas, iniciados mudam de casa em busca dos resultados milagrosos e dá resposta dos super heróis.

Acreditar é preciso, mas ter lucidez é fundamental!



segunda-feira, 13 de julho de 2015

A floresta da sagrada ignorância


Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola
.
Na mesma proporção que nasce novas arvores na floresta amazônica, nascem pseudos escritores e sacerdotes no facebook.
A ignorância é tanta que a paciência se esgota e a tolerância fica minimizada.
Em um país que é comum ver cartazes nas ruas que dizem “extraiu dente e corto cabelo”, ver pessoas que nada sabem, sobre um assunto, escrever sobre ele já se tornou comum.
Essa semana eu vi um texto na internet onde as pessoas voltam a falar nos mesmos assuntos, como a floresta sagrada (igbodu) e itefa, são escritas tantas besteiras que fica claro que eles não são iniciados.
Por alguma razão que eu desconheço alguns atos dá iniciação em ifá são comentados sem nenhum conhecimento, essas pessoas não podem ter sido iniciadas em ifá, considerando o que elas escrevem, exemplo:
1- Vejo ser dito que não existe itefa sem palmeira, sem arvores, é evidente que existe inúmeros atos no itefa que é usada a palmeira, só quem não fez itefa que não sabe disso.
2- Se fala muito da floresta sagrada, só quem não conhece ifá poderia descrever um itefa sem o uso da mais importante arvore da floresta sagrada, o orixá Opa Osun (a arvore genealógica do babalawo).
3- Inúmeros atos em um itefa são feitos diante da arvore genealógica e o igbodu, tem os seus segredos, na realidade só quem não foi submetido a um itefa pode escrever tantas besteiras.
O mesmo acontecia há algum tempo atrás, quando se dizia que não se poderia fazer babalawos no Brasil.
Acontece que sacerdotes que foram trazidos a algum tempo atrás para o Brasil e que eram instruídos a dizer que não se poderia fazer babalawos fora da Nigéria, depois de algum tempo os mesmos voltaram ao nosso país por sua conta e iniciaram babalawos.
É só em nosso país que acontece isso, não são exaltados os bons sacerdotes de ifá, por razões obvias, a negativa da hierarquia dificulta o relacionamento de uma estrutura sadia, fariseus e filisteus se misturam e a regra do faz tudo ganha espaço.
É comum ver um ógberi (ignorante), dizer que é de ifá, quando é conveniente para ele, mas quando não é conveniente ele usa uma outra estratégia, diz que é de candomblé, por essa razão é que em nossas andanças encontramos tantos absurdos, até ojugbo de Iya mi sendo feito em ninho de passarinho, imaginem isso.
Entre tantos absurdos que eu vi, tem fariseu escrevendo que se cultua antepassados do candomblé em Opa Osun, só para esclarecer, em Opa Osun os únicos antepassados que são cultuados são os sacerdotes de ifá daquela família a qual o iniciado pertence.
Esses mesmos fariseus usam roupas de babalawo, dizem que são babalawos, mas sobre ifá mesmo eles não sabem nada.
Resolvemos escrever esse texto para ajudar identificar a floresta sagrada para que as pessoas não confundam com a sagrada floresta da ignorância.
É fácil identificar a questão de onde fazer um itefa em fotos das várias famílias de ifá na Nigéria a disposição na rede social, uma pessoa observadora que tenha mais de um neurônio vai ver que os igbodus são construídos nas residências dos babalawos, que se assemelham muito as casas existentes no Brasil.
Recomendo aos nossos leitores que leiam em nosso blog o texto que tem por título (O Babalawo brasileiro).
Enquanto isso convenientemente Fariseus se misturam com Filisteus.
Ika Ofun - Não queiram ser uma coisa que vocês não são.