sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Jogo de Búzios


Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

É muito interessante a dimensão que determinados textos alcançam quando despertam a curiosidade pública, segredos são divulgados, inverdades são inventadas e o desconhecido é criado como base do alicerce que mantém a mentira em forma de máscara para a ignorância.

Com o jogo de búzios não foi diferente as novelas, os filmes, as revistas e o diz que me diz conduziram esse oráculo sagrado através da estrada da popularidade de encontro à vulgaridade.
Nas grandes cidades em cada esquina tem um desocupado com um punhado de búzios na mão se dizendo sacerdote.

Essa forma dantesca da popularização do sagrado além de afastar os crédulos alimenta os incrédulos com argumentos incontestáveis gerados pela pior das impressões.

Deveria existir um movimento nacional para combater os falsos sacerdotes que usurpam da popularidade da religião afro brasileiro, enquanto isso não acontece delinquentes travestidos de sacerdotes divulgam um oráculo inventado por eles.

A verdade é que da verdadeira consulta ao mérìndilogun quase tudo se perdeu e muito foi inventados, poucos são aquele que praticam consultas com orientações confiáveis e comportamento ético.

O uso dos ibòs para identificar se o odu esta ire ou ibi foi substituído por uma bola de cristal que auxilia na aura de mistérios propicia ao embuste. As esteiras foram substituídas por um conjunto enorme de adereços que se sabe lá qual seria a intenção considerando o fato que a grande maioria dos objetos em nada se identifica com a religião dos Òrìșàs.

A falta de informação se agravou, a ambição se ampliou e a criatividade extrapolou os limites do aceitável, diante de tantas loucuras até opon ifá está sendo usado como parte da parafernália usada em consulta aos famigerados búzios.

Em mais uma tentativa de auxiliar os bons sacerdotes no combate aos supostos entendidos no uso do mérìndilogun, estamos mais uma vez divulgando a verdade sobre esse oraculo na religião tradicional yoruba.

O mérìndilogun é um instrumento usado somente por babalórisás e Ìyálóòrìsà, Bàbàláwos e Iyanifas costumam usar o opele ou os ikins em suas consultas.

Ao longo do tempo muito se tem falado sobre esse tipo de consulta mais a verdade é que existem inúmeros equívocos abaixo citarei os mais comuns:

1-    Chamar mérìndilogun de ifá.
2-    Consultar búzios sobre opon.
3-    Dizer que Òrúnmìlà fala nos búzios.
4-    Extrair odu de nascimento em consulta.
5-    Anotar a data de nascimento como referência.
6-    Imaginar que o Òrìșà do consulente fala na consulta.

São muitos os erros que poderiam fica descrevendo por longo tempo, por outro lado resolvemos postar informações que caracterizem uma identificação do método oracular mérìndilogun.

Não existe jogo de búzios sem iniciação em Èṣù e Òsun, em hipótese alguma um sacerdote que não seja iniciado nesses dois Òrìșàs poderá consultar o mérìndilogun. Òsun é a dona desse oraculo e Èṣù é o transmissor das informações fornecidas por ela ao consulente.

Os babalórisás e Ìyálóòrìsà que não tem muita experiência  interpretam o mérìndilogun até a decima segunda caída conhecida por ejilá, o odu extraído é identificado através do sistema de ibò se esta em ire ou ibi, por um sistema onde o consulente participa diretamente da consulta. O sistema de ibò mais comum identifica em um objeto confeccionado com búzios o odu em ire e o odu em ibi por um pedaço de o osso, o mecanismo é bastante simples na hora da consulta o consulente é convidado a escolher em qual das mãos sem que o sacerdote veja os búzios e o osso permanecerem posteriormente em um processo seletivo considerando a hierarquia usada em cada método em consultas complementares o sacerdote solicitará a abertura em uma das mãos.

Obs: evidentemente que não vamos descrever com exatidão o processo de seleção das mãos, porém para que o nosso leitor possa ter uma noção de como é o processo descreveremos da seguinte forma, as caídas de búzios pares identificariam a mão direita, e as caídas impares a mão esquerda no processo de ibò.

 O ire (sorte aspecto positivo), e o ibi (aspecto negativo) de um mesmo odu deve ser extraído com muito cuidado por que só assim teremos a capacidade de interpretar a verdadeira mensagem contida no jogo.

Esse texto apresenta algumas características do ire e do ibi constante em todos os odus. A ideia é chamar a atenção que um único odu não pode, como querem alguns, reunir todas as características positivas ou negativas existentes, como na atual obàrà mania.

1) Òkànràn- Èṣù, Ṣàngó.
IRE- Novo caminho, oportunidade material, progresso.
 IBI- Medo, insegurança, impulsividade.

2) Eji oko- Ibeji, Ìyá mi.
IRE-Nascimento, dualidade, inicia.
IBI-Morte, escuridão, desordem.

(3) Ògúndá- Ògún, Ọ̀sanyìn.
IRE-Profissão, construção, força.
IBI-Violência, desastre, doença, brigas.

(4) irosún- Ògún egun Yèmojà
IRE-Caminhos abertos, realização, ambição.
IBI-Intranquilidade, inquietação, arrependimento.

(5) Ose-Osun
IRE-Suavidade, ingenuidade, amor, riqueza, riqueza.
IBI- Ilusão falta de foco, fofoca, curiosidade.

(6) Obàrà- oxalá, Osòosì, Ṣàngó.
IRE-Sorte, paciência, habilidade, potencial.
IBI- Inveja, roubo, perda, inquietação.

(7) Odi -Oloogun Ede, Osòosì, Èṣù.
IRE-Liderança, persistência, sensibilidade.
IBI- Polêmicas, problemas, brigas, traições.

(8) Eji Ogbe- Ọbàtálá, Ifá, Yèmoja, Obàlúwaiyé.
IRE-Alegria, encanto, felicidade, grandeza, sucesso, inicio.
IBI- Nervosismo, preguiça, altos e baixos.

(9) Osa- Iya mi, Oya, Yèmoja.
IRE-Viagens, Espiritualidade, Família, mudança.
IBI- Falta de coragem, duvidas depressão.

(10)- Òfún Òsànlá
IRE-Vitória, determinação, realização, paciência.
IBI- Lentidão, desânimo, fraqueza, fragilidade.

(11) Òwónrín- Oya Egúngún
IRE-Pressa, poder, força, Otimismo, realização.
IBI- Perigo, acidente, violência.

(12) Ejila-(Iwori), Ṣàngó.
IRE-Emprego, dinheiro, negócios, política.
IBI- Avareza processos, loucura.

(13)métala, lka- Soponnan, ìyá mi, Nana.
IRE-Espiritualidade
IBI- Perigos, doenças, feitiços, morte.

(14) mérinlá, Oturupon- ìyá mi Obàlúwaiyé
IRE- Espiritualidade, vidência, intuição.
IBI- Doenças, fase negativa miséria.

(15)Mògún- (Òfún Òkànràn) Èṣù, Olóòkún.
IRE- A capacidade de recomeçar rapidamente.
IBI- A falta de Iniciativa, desilusão, decepção.

(16) mérìndilogun Irete- Ifá, Soponnan, sociedade Ogboni.
IRE-Ligação com a espiritualidade, o renascimento.

IBI-O fracasso, a morte.


quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Oxalá come dendê?

Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

A palavra funfun em yoruba quer dizer branco, os Òrìșàs designados funfun no novo mundo adquiriram características no mínimo estranhas a sua origem.

 Na Nigéria esses Òrìșàs pertencem a um grupo bastante cultuado e nada dos rituais foi perdidas sendo assim todas as questões que vamos abordar aqui podem ser facilmente confirmadas.

No Brasil Òrìșà funfun é Oxalá (Ọbàtálá), na Nigéria esse termo é usado para designar varios Òrìșàs entre eles estão Òrìșà Òkè, Olóòkún e Ọbàtálá.

A designação funfun identifica para os yoruba Òrìșàs masculinos de primeira geração, embora essa questão possa ser discutida levando em consideração outras abordagens. Considerando o raciocínio inicial os Òrìșàs femininos recebem a designação pupa (vermelho), e os filhos desses seriam conhecidos como Òrìșàs dúdú (preto).

Essa forma descrever um amplo e complexo histórico da religião tradicional yoruba teria respaldo no campo da matemática, mas no plano espiritual a questão segue por outro caminho até porque com exceção de poucos autores, o termo Òrìșà pupa (vermelho) e Òrìșà dúdú (preto), não são usados.

Já em nosso país a situação referente a Òrìșà funfun se confundiu mais ainda a partir da proibição do uso do óleo de dendê no culto a Ọbàtálá. A confusão foi tanta que foi inventado um Ṣàngó, um Èṣù, uma Oya e até um Ògún que não come dendê.

Em todos os rituais para Èṣù, Ṣàngó, Ọya, Ògún e outros Òrìșàs o uso do dendê não sofre restrição com exceção dos rituais para Ọbàtálá.

Quando abordamos a questão do culto de alguns Òrìșàs em nosso país, no caso de Ṣàngó ser chamado de Aira a situação se complica mais ainda, considerando o fato que na terra mãe esse termo é bem conhecido nos Oríkìs de Ṣàngó. Baseado nesse fato o culto ao conhecido Òrìșà Aira no Brasil seria mais que uma confusão entre dois Òrìșàs, um erro de interpretação da língua yoruba e da teologia dos Òrìșàs.

Na abordagem inicial colocamos em dúvida a teoria que defini masculino, feminino e elemento procriado em clãs identificados por cores, essa teoria cai por terra quando tomamos consciência que o Òrìșà feminino Yèmowó também é funfun.

Historiadores e religiosos crédulos e estudiosos tendem a ter opiniões diferentes um religioso diria que na religião tradicional yoruba existe um grupo de Òrìșàs que antecedem a criação do mundo, que recebe o nome de funfun, entre eles: Òrúnmìlà, Òsun, Olóòkè, Òrìșà Oko, Ajala, Ọbàtálá, Yèmowó, Odùdúwà, Olóòkún, Yèmoja, Olósà, Ajésálúgà, Ikú.

Já um estudioso ficaria inclinado a fazer uma pesquisa mais abrangente e com varias citações de inúmeros escritores entre vírgulas, pontos de exclamação e interrogação assumiria a conhecida abordagem que Odùduwà seria filho de Lamurudu atribuída por muitos com segundas intenções a uma modificação fonética do nome Nimrod, em uma tentativa absurda de identificar Òrìșàs com a bíblia católica.

A verdade é uma só os Òrìșàs continuam com os seus cultos intactos no território yoruba, aqueles que de fato amam a nossa religião tem um amplo campo de pesquisa na busca da verdadeira origem da religião afro brasileira.

Considerando o fato que o uso de dendê é abundante no culto dos Òrìșàs funfun Òrúnmìlà, Òsun, Olóòkè, Òrìșà Oko, Ajala, Yèmowó, Odùdúwà, Olóòkún, Yèmoja, Olósà, Ajésálúgà, Ikú, a discursão entre estudioso e religioso deve continuar como forma de esclarecer os adeptos e simpatizantes da religião tradicional yoruba.





quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Ifá, Òrìsà, dinheiro e fé



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

Tenho assistido alguns comentários pejorativos na rede social contra os Nigerianos que estão atendendo no Brasil em razão da valorização do dinheiro.

A verdade pode até surpreender as pessoas que não conhecem a religião tradicional yoruba, mas quem é iniciado, não se surpreende, a religião dos Òrìșàs em terras Nigerianas é bem clara e tudo que se pratica está contido nos versos de Ifá.

No verso do Odu Odi Ogbe explica que o dinheiro faz parte do ebó:

ÌDÌN OGBÈ
Bí bèmbé bá ko gúdù
Quando bèmbé faz sons de tambor
Gbogbo aya oba ló njó
Todas rainhas jovialmente dançam
A d’ifá fún adabo
Lançou Ifá para adabo (ajuda na manifestação do ebo)
Adabo nti òrun bò wá ayé
Quando adabo estava vindo do céu para a terra
A rú ebo náà ni owó
Nós estamos fazendo o ebo com dinheiro
Ifá kí o jé ó fín
Ifá por favor faça com que o ebo se manifeste
Tí ó bá tó ebo, kí e jé ó fín
Se os materiais para o ebo são completos deixe que ele se manifeste
Adabo jò ó jé kí ebo, ó dà fún elébo ò adabo
Adabo por favor deixe o ebo se manifestar para o cliente.

Tenho dito exaustivamente que a teologia sem a filosofia é a neblina que ofusca os olhos da verdade daqueles que se dizem religiosos.

Aqueles que querem conhecer a religião tradicional de verdade devem ir até o território Yoruba ou na medida do possível devem buscar uma forma de conviver algum tempo com essas pessoas para que consigam entender essas questões.

Estamos falando de uma religião milenar, estamos falando da cultura de um povo que mora do outro lado do oceano, querer entender outra cultura baseado na educação que recebemos aqui é quase impossível.

O discurso de alguns críticos é infundado e rebuscado de maldade e de inveja daquele que conseguem obter uma renda razoável vivendo da religião.

Na igreja católica nenhuma criança é batizada sem que seja feito o pagamento ao padre, nas igrejas evangélicas todos os rituais são subsidiados pelo dizimo dos fieis.
Porque na religião dos Òrìșàs seria diferente?

O discurso da caridade outrora divulgado pelas bases da igreja católica era proferido por um líder sentado em um trono de ouro, é impossível aplicar isso para todas as religiões.

Uma passagem de ida e volta para a Nigéria tem custo bem alto assim como os materiais que são importados, é evidente que de algum lugar deve sair o dinheiro para pagar esses custos. É bem verdade que alguns exageram na hora de cobrar, mas o pagamento é necessário.

No tocante ao ifá a grande maioria dos sacerdotes começa a se preparar na infância estudando a palavra de Òrúnmìlà, esses mesmos sacerdotes dedicam suas vidas a ifá e aos estudos, como poderiam sustentar suas famílias se não tivesses o pagamento, já que se dedicam com exclusividade a religião.

Se você for sem dinheiro consultar um médico ele vai lhe atender?

Se você for sem dinheiro consultar um dentista ele vai lhe atender?

Se você precisar de um policial e o estado não pagar o salario dele ele vai trabalhar?

Não.

Estou acostumado a escrever sobre assuntos deliciados, porém nesse caso escrever sobre dinheiro para mim fica bastante complicado, porque também sou um sacerdote sendo assim farei uma analogia desprezando o comparativo baseado no fato que a fé é imensurável:

- Quando você vai ao medico necessita fazer o pagamento, os custos das preparações de um bom médico são altíssimos.

- Quando você consulta um advogado necessita fazer o pagamento porque os custos da preparação desse profissional são enormes.

- Um bom Bàbàláwo é medico, advogado, psicanalista, além de orientador financeiro e um profundo conhecedor dos males que afligem os seres humanos.

Por que as pessoas têm dificuldades de entender o obvio?

Se você não se alimenta, você morre, se você não coloca gasolina no automóvel ele não anda, e se você não tiver dinheiro para pagar a água certamente não vai tomar banho, porque o pagamento do trabalho do sacerdote da religião de Òrìșà é visto com maus olhos.

A mola propulsora do asè não é a fé, o que impulsiona os rituais é o conhecimento, com fé sem conhecimento o resultado é um desastre, já o conhecimento aplicado em quem não acredita alcança o mesmo resultado que alcançaria em um crédulo exemplo:

-Se uma pessoa estiver desacordada na UTI e for necessário fazer um ebo, a fé do beneficiado não implica nos rituais, o conhecimento e a fé do sacerdote que vai fazer a diferença.

Toda vez que um trabalho sacerdotal é contratado e o pagamento deixa de existir, o não cumprimento de uma das partes prejudica a continuidade do que foi feito, considerando o fato que o asè é combustível na manutenção da energia empregada.
Vou tentar explicar isso de forma mais clara, mesmo sabendo que certamente serei mal interpretado, mas supondo que o pagamento por um ebo ou iniciação não tenha sido feito, a insatisfação de uma das partes bloqueia a energia gerada por ele em desenvolvimento.

Na grande maioria dos ebos é a energia do sacerdote que é usada para acessar o Òrìșà, um sacerdote doente e fraco encontra limitações para desenvolver os rituais, da mesma forma que um sacerdote insatisfeito encontra dificuldades para impulsionar o seu asè.

Se o maior de todos os Òrìșàs é o Òrì, o poder de realização esta ligada a satisfação, a alegria, a felicidade e ao conhecimento assim como a saúde, esses elementos geram a segurança e a confiança possibilitando a força e a realização.

Um sacerdote insatisfeito ou inseguro tem o asé prejudicado, a preocupação assim como a inquietação prejudicam a concentração, sem concentração a conexão com a força vital é prejudicada.

O asé é desenvolvido com o tempo, ele pode aumentar ou diminuir dependendo do comportamento e do conhecimento do sacerdote, para a manutenção do asé é necessário rituais, rituais custam dinheiro.

Então vai haver quem me pergunte se com dinheiro tudo se consegue, eu responderei não.

 Porem  farei a seguinte consideração, sem o dinheiro pouco ou quase nada se consegue.

Na formação de um bom sacerdote a ética é fundamental, nesse caso ela atua como ponto de equilíbrio na balança que limita a ganância e o poder.

Na década passada alguns lideres religiosos em nosso país desenvolveram um discurso contra os sacerdotes que viviam exclusivamente para a religião, diziam esses senhores que no Brasil era impossível iniciar um Bàbàláwo, o tempo passou e a crise financeira mundial incentivou os mesmos a mudar o discurso, hoje esses mesmos senhores passam horas na internet anunciando iniciações no território nacional.

A falta de fidelidade as convicções outrora divulgadas assim como a falta de ética de alguns supostos sacerdotes terminam alimentando os discursos de ignorantes sedentos de aplausos, essas manifestações contaminam a opinião daqueles que não conhecem a religião yoruba.

A precipitação daqueles que mesmo desconhecendo os assuntos emitem opinião é uma característica clara ou da ignorância ou da ansiedade.

Òkànràn Osá

Ilè iwájú ti Olúwo ló ni k’èbo náà ó fin
Com o ase de meu Olúwo este ebo se manifestará
Ilè ti èyìn ti Ojùbònà ló ni k’èbo náà ó fin
Com o ase de meu Ojùbònà este ebo se manifestará.




quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Minha mãe e o Ifá




Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

Os interesses internacionais ao longo da historia fomentaram ideias expansionistas com finalidades comerciais buscando acomodar a falta ou excesso das colheitas em determinadas regiões.

O homem moderno manipulado pelo marketing e pelos interesses governamentais acompanhou esse raciocínio e hoje o que se vê é um relacionamento muito amplo entre pessoas de vários países na rede social, porem por outro lado as pessoas dentro de suas casas mal conseguem se olhar e os relacionamentos familiares permanecem em grande parte por acomodações de interesse.

As religiões no mundo têm como obrigação instruir o homem para que tenha uma vida melhor com seu semelhante, eu faça uma ressalva, o micro cosmo é o ponto de partida para a ampliação do bem querer, se você não se amar e não amar as pessoas da sua família como a sua mãe, ou o seu pai, como pode se iludir de ter um relacionamento positivo com amigos que de fato você nem conhece.

A família é a grande base, é o alimento, é a agua e o ar que nutri a vida, antes de escrever frases feitas na rede social procure olhar para as pessoas que estão ao seu lado, ter amigos é maravilhoso, mas o respeito a família é fundamental.
O carinho, o respeito e o amor afastam as dificuldades que a sociedade moderna criou como forma de dividir os seres humanos em grupos de consumidores.

A religião yoruba tem em seus princípios o respeito à figura materna como a base da educação, o individuo que não respeita a sua mãe não pode almejar em nenhum momento o carinho dos seus filhos, a mãe é aquela que dá a vida e sem ela a realidade é fria e assustadora.

Hoje em grande parte do mundo a comemoração acontece na rua enquanto na verdade a distancia continua aumentando dentro dos próprios lares.

O mundo moderno obrigou as pessoas a uma disputa, hoje as pessoas lutam por um emprego, por mais dinheiro, por uma bela casa e por um belo carro, mas estão se tornando incapazes de lutar por suas famílias.

Os laços familiares devem ser retomados, devemos abraçar as pessoas que estão ao nosso lado. Infelizmente hoje é comum visualizar as pessoas voltadas exclusivamente para o convívio indireto da rede social, se o convívio familiar fosse mais verdadeiro o relacionamento externo seria menos frio e dissimulado, é fantástico o que a tecnologia nos propõe, interagir, aprender é muito bom quando dentro de nós existe uma conformidade com aqueles que nos rodeiam.

Se você não aceita a sua mãe e a sua família, não vai entender que na sua maioria à realidade virtual retrata as frases feitas e as fotos montadas distanciando o sentimento da imagem.

O religioso quase sempre é antipático aos olhos daqueles que se iludem com apelo comercial quando faz comentários como esse que estou fazendo, mas eu não sou o primeiro, o Papa Francisco e outros lideres religiosos já alertaram as pessoas para esse acontecimento.

O grupo de pessoas que é manejado pela mídia é o mesmo grupo que prefere se iludir que uma simples mudança no calendário vai trazer paz e uma vida nova.

A paz, a tranquilidade e o bem viver são construídos primeiramente dentro de cada um, é necessária uma reflexão sobre o caminho que estamos seguindo.

Em 2016 tudo vai mudar se você mudar, nós devemos dar o primeiro passo, a mudança se desenvolve de forma sutil, mas ao longo da caminhada o prazer da mudança pode ser sentindo.
As vésperas de um novo ano eu convido você a iniciar uma caminhada, caminhe primeiramente de mãos dadas com a sua família, ai sim você vai caminhar em direção a paz.

Escrevo esse texto em um momento de grande alegria, recebi hoje a tarde uma ligação telefônica de minha mãe Ifánawóadé (Yeye oibó), me informando que ela esta vindo para a Bahia, seja muito bem vinda minha mãe.

Previsões para 2016, minha mãe vai estar comigo novamente, saudades!





quarta-feira, 2 de dezembro de 2015


TODAS AS PESSOAS PODEM SER INICIADAS EM IFÁ.


Autor:Babalawo Ifagbaiyin Agboola


Odu Iwori odi


Kosi abiyamo ti ko lee bi Awo l’omo,

Kosi abiyamo ti ko lee bi Orunmila.

Baba eni, bioba bi’ni ni pipe,

Bopetiti, a tun nbi Baba eni l’omo’ Yeye.

Eni, bioba bi’ni ni pipe,

Bopetiti, a tun nbi Yeye eni l’omo. 

daa f’Orunmila, ti o wipe:

Oun maa m’Orun bo wa si aye,

Oun maa mu Aye lo s’Orun.

Ki o baa le se bee dandan,

IFA ni ki o ru ohun-gbogbo ni mejimeji,

Abo ati Ako bayi: - Agbo kan, Agutan kan,

Obuko kan, Ewure kan, Akuko-adiye kan,

Agbebo-adiye kan; ati beebee lo. O gbo o

rubo. Bee ni aye nbisii ti won si nre sii.


TRADUÇÃO

Não existe nenhuma mulher que dê a luz a filhos que não possa dar a luz a um Sacerdote de Ifá.

Não existe nenhuma mulher que dê a luz a filhos que não possa dar a luz a Òrúnmìlà.

Nosso pai, se ele nos dá a luz em plenitude, inevitavelmente nós devemos em tempo dar a luz a ele em retribuição.

Nossa mãe, se ela nos dá a luz em plenitude, inevitavelmente nós devemos em tempo dar a luz a ele em retribuição.

O Ifá foi consultado por Òrúnmìlà, quando ele disse que “Ele trará os Céus abaixo para a Terra, Ele trará a Terra acima para os Céus.”

De forma que ele possa realizar com sucesso sua missão, a Ele foi dito para oferecer tudo em dois, um macho e uma fêmea.

Um carneiro e uma ovelha, um bode e uma cabra, um galo e uma galinha etc.

 Òrúnmìlà escutou, prestou atenção, obedeceu e sacrificou. Assim a Terra tornou-se frutífera e multiplicou grandemente.

( Epega)


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Ifá, Orixás, o pecado não existe.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Escrever sobre filosofia religiosa yoruba exige sobre tudo coragem e ousadia, aquele que tenta divulgar orixá e sua forma de pensar em um país a onde a grande maioria se declara católico.

O Ile Ifá Agboola tem sua sede em um bairro conhecido como Areia Branca, famoso pela quantidade de terreiros de candomblé.

Fui surpreendido com o resultado de uma pesquisa que fiz na internet, em nosso bairro a grande maioria das pessoas se declaram católicos ou evangélicos.

Religião                                                      Areia Branca
Católica Apostólica Romana                             18.370
Espírita                                                                   125
Evangélica                                                            4.001

Dados fornecidos pela prefeitura de Lauro de Freitas – Bahia.

Escrever para pessoas que não assumem sua religião publicamente é muito complicado, imaginem então, escrever sobre filosofia yoruba para pessoas que aprenderam a pensar como católicos.

Para nós iniciados em orixá o pecado não existe pressupor pecado implica em aceitar que se eu pequei e cumpri a penitencia fui perdoado, na religião tradicional yoruba se você cometer erros mesmo que venha se arrepender as implicações do erro não deixaram de existir.

No odu Ògúndá Òfún fala sobre o comportamento do ladrão e traidor, indicando no próprio texto cautela ao iniciar as pessoas para quem se apresenta esse odu, se Òrúnmìlà orienta para ter cautela é porque existem indicativos de falta de caráter.

Ògúndá Òfún:

Um mentiroso mente e suas mentiras o destroem.
Um traidor faz dano para ele mesmo.

Estas foram as declarações de ifá para Òrúnmìlà, quando o mentiroso e traidor queria se converter em seu discípulo.

“Solagbade Popoola”

A verdade é que ao longo do tempo em nosso país foi divulgado que a nossa religião esta de braços abertos para os faltosos, em parte é verdade, estamos de braços abertos, mas isso não quer dizer que você comprou um passaporte para a impunidade.

Há algum tempo um Bàbàláwo recém-iniciado me perguntou se quem passa por todos os rituais do itelodu estaria protegido por um longo tempo de energias negativas, a minha resposta para ele foi não.

Mesmo que você tenha passado por todos os rituais que uma iniciação exige, se você não mudar sua forma de pensar e agir, a permanência da energia adquirida na iniciação termina se esvaindo.

A religião que eu pratico não é a mesma das pessoas que atendem traficantes e assassinos, seria infantilidade afirmar que orações dirigidas a um orixá possam trazer benefícios para alguém que vende drogas para crianças ou que tira a vida de inocentes.

Os desavisados podem concluir então que a nossa religião é só para pessoas perfeitas, na realidade todas as religiões deveriam servir para as pessoas que querem abandonar posturas antigas, deveriam servir para pessoas que estão tentando mudar e evoluir como seres humanos.

Se você busca a transformação o orixá é o caminho, mas se você acredita em absolvição esta na religião errada, as nossas atitudes nos envolvem e podem nos condenar ou nos absolver.

Quem não estiver com intenção de melhorar certamente não vai ter as suas suplicas atendidas, o desonesto reza e não é escutado, ao contrario daquele que tem boas intenções, que até os seus pensamentos são ouvidos.


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Guerra contra Ifá e os orixás e a UNESCO-ONU.




Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola


É dolorida e muitas vezes inaceitável para aqueles que desenvolvem por ignorância a intolerância religiosa a realidade que  milhões de pessoas em nosso país que cultuam orixá.

A quantidade absurda de emissoras de rádios sendo liberadas em Brasília para supostos pastores lavarem o dinheiro do trafego, explica porque mercenários estão sendo recrutados para invadir terreiros.

Bandidos travestidos de pastores para justificarem movimentações bancárias milionárias necessitam de supostos adeptos, se não existir uma quantidade grande de pessoas fica difícil justificar uma grande quantidade de dinheiro.

O desespero aumenta porque a arrecadação aumentou e justificar o dinheiro é uma forma de legalizar os imóveis.

Os mesmos ignorantes que ouvem as supostas rádios religiosas são os que recebem treinamento militar para atacar a nossa religião.

 O grande número de pastores residindo nos presídios do estado do Rio de Janeiro indica claramente a ligação da bandidagem com a suposta guerra santa nos meios de comunicação.

O principio de desfazer do oponente como forma de chamar a atenção para si é usado nas mais diversas situações, na religião não poderia ser diferente.

Esse povo que nos ataca desfaz de nossa fé buscando agregar seguidores a fé deles, a campanha  negativa contra nós  já vem sendo desenvolvida há muito tempo.

Se existe uma guerra temos que lutar, a melhor arma é a informação.
 Ifá é respeitado e reconhecido em todo o mundo, a UNESCO-ONU declarou que o Ifá e é patrimônio religioso e cultural da humanidade, da mesma forma que o Vaticano e outros templos e símbolos religiosos.

Se o cristianismo, o judaísmo e o islamismo tem reconhecimento porque nossa religião não teria?

Seria porque nossa religião é oriunda do continente africano?

Evidentemente que todos no Brasil sabem a razão desse preconceito, a resposta esta na pele negra de nossos antepassados.

Esta na hora de mostrar para esses ignorantes radicais a verdade chegou a hora de combater os loucos que  organizam milícias para invadir os terreiros.