Autor: Olúwo Ifágbaiyin
Justificar que ladrões usem o nome dos òrìsàs porque o país vive uma crise financeira é assumir um crime de coautoria em estelionato.
Em tempos de falta de recurso e abundancia de falta de caráter a desonestidade quase vira regra, a marginalidade cria um modismo onde ser honesto é sinônimo de otário.
Não precisa ser muito esperto para perceber o cheiro ruim nas lacunas das mensagens vindas da terra mãe que seus filhos tudo vendem.
Nas madrugadas qualquer òrìsàs se compra, todos os escrúpulos se perdem e as negociações transformam o sagrado em profano.
Compradores nacionais ansiosos para revenderem o que nunca mereceram, alimentam a máquina da ignorância com o dinheiro sujo proveniente da ilusão fanática ou criminosa.
Que a religião tradicional yoruba segue em perfeita ordem do outro lado do oceano ninguém poderia negar, mas sobre o caráter de muitos de seus representantes em seu pior aspecto a clareza da verdade desnuda.
Transferências bancarias confirmam a chegada de supostos assentamentos para supostos sacerdotes que supostamente acreditaram em supostos dignos descendentes de idôneos personagens.
E a multiplicação daqueles que não comeram obi e que não sentiram o gosto do sangue em suas bocas alimenta fluxo e refluxo da indignidade.
Já não bastava os criminosos daqui, será que vamos ter que aturar estrangeiros travestidos de homens éticos.
Expor a ferida é uma das formas de trata-la, sem que se saiba em profundidade de tudo que está acontecendo, enquanto idiotas curtem mais uma postagem, assentamentos de òrìsàs seguem sendo entregues pelo correio.
A cada dia que passa uma nova vítima posta fotos com certificado em suas mãos atestando a imbecilidade, é mais um que foi enganado e que agora documentado se transforma em caçador na rede social.
Nas conversas disfarçadas as fileiras do exército da corrupção crescem, será que é tão difícil perceber que se tempo sobra para a socialização é porque o habito de trabalhar desapareceu.
Os desocupados são sempre muito simpáticos.
Os livros seguem sendo vendidos e as apostilas comercializadas com descaramento próprio da marginalidade.
A farsa segue e mais um internauta se faz passar por sacerdote de Òrìşà.