Orí
Autor: Bàbàláwo Ifagbaiyin Agboola
Durante centenas de anos algumas religiões fundamentaram seus princípios em filosofias positivistas que induziram a humanidade a acreditar que o homem vitorioso é feliz, isso ocasionou decepções, frustrações e tristezas.
Os pais incorporaram o discurso dos religiosos e criaram seus filhos sonhando com mentiras, sendo assim grande parte dessas crianças se tornaram adolescentes frustrados, que não aceitando as derrotas naturais da vida.
Essa sequencia de fatos implicou na formação de adultos problemáticos, que em uma tentativa errada de corrigir seus equívocos, criaram filhos com liberdades excessivas dando inicio a um círculo vicioso.
Criar filhos sem que eles percebam as dificuldades da vida alimenta as frustações que terminam sendo o fantasma da felicidade, afastando o prazer do viver.
A necessidade de ter mais informações sobre o bem viver, vem provocando uma corrida na busca de explicações para os insucessos de grande parte da humanidade, essas questões deveriam ser vistos com naturalidade.
A família fundamentada em religiões coerentes tem obrigação de reescrever a historia da humanidade, pois se não for assim, pessoas frustradas por não ter encontrado a verdade continuaram acreditando em uma mentira.
Um sacerdote sorridente que concorda com tudo não é mais visto com bons olhos, existe uma carência de orientações realistas, sérias e confiáveis, diante dessa situação, a boa formação dos Bàbàláwos é imprescindível para estabelecer uma relação confiável entre o iniciado e o iniciador.
Os sacerdotes modernos necessitam fazer com que aflore em seus seguidores a sensibilidade que ilustre o viver sem que o desânimo em relação ao futuro bloquei as ambições naturais.
O desejo de vitória fundamentado no conhecimento que existe a possiblidade da derrota ameniza a dor do insucesso, reduzindo o tempo das lamentações e do desanimo, implicando em uma reformulação dos planos com a dinâmica que a vida moderna exige.
Considerando que a inveja alimenta a frustração, a pessoa frustrada deixa de cumprir o seu destino para se preocupar com a vida das outras pessoas.
A iniciação em Ifá e o conhecimento sobre o odu pessoal gera segurança, enquanto o culto a Orí fortalece o otimismo realista, afastando o fantasma da inveja e da frustração.
Pessoas frustradas tem um comportamento depressivo que influenciam o seu humor criando assim um constante clima de antagonismo e disputa.
A capacidade de lidar com os problemas deve ser trabalhada pelos sacerdotes em seus iniciados incentivando o conhecimento e fortalecendo a dinâmica de forma que superada as dificuldades iniciais o mesmo tenha capacidade de solucionar seus problemas.
Viver com prazer e alegria depende da visão real que a derrota e a vitória, assim como a tristeza e a felicidade, fazem parte da existência.
Estar feliz está diretamente relacionado ao tempo de reflexão sobre o abandono do desanimo e da tristeza, as pessoas que perdem muito tempo lamentando a derrota tem menos tempo para buscar a vitória.
A realidade do que representa o culto ao òrìsàs por questões históricas confundiu os iniciados do novo mundo, sincretizando òrìsàs com as forças da natureza.
A nossa religião é fundamentada na ancestralidade, é evidente que um iniciado para Osun não descente de um rio. Somos descendentes de homens e mulheres que dignificaram os seus destinos com atitudes honradas, mas que também cometeram erros.
A certeza que qualquer um de nós pode se tornar um òrìsàs não deve ser mantida como uma obsessiva perseguição à perfeição, essa certeza deve estar em nossa mente como instrumento que indica a proximidade do òrísà e não à distância.
A certeza que todos os problemas podem ser enfrentados mesmo que muitas vezes possamos ser derrotados não deve tirar o prazer de viver, bem pelo contrario, deve aumentar a expectativa da vitória.