quarta-feira, 27 de maio de 2015


Iniciação em Ifá

Itefa, começo meio e fim.

Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola
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Quando se fala de iniciação em ifá estamos falando de um dos momentos mais importantes da vida espiritual de qualquer pessoa, a cerimonia do itefa é constituído de cinquenta e quatro atos que tem como finalidade principal esclarecer as dúvidas sobre o destino do iniciado.

O Itefa esclarece facilitando o dia a dia proporcionando informações para que o iniciado esteja alinhado com o destino por ele escolhido antes do seu nascimento.

A iniciação em ifá é muito discutida por pessoas que não foram iniciadas, então o que dizer desses comentários, o ideal seria que as pessoas escrevessem sobre aquilo que de fato elas conhecem.

A preparação de um itefa normalmente leva vários dias, a compra dos animais e do material que será utilizado na iniciação é orientada pelo Oluwo, o critério no momento da compra dos materiais sempre deve ser que sobre material, ao invés de faltar, a sobra facilita assim as indicações ainda desconhecidas no decorrer dos rituais.

 Obs: Quando o material é comprado em parte antecipadamente, o assentamento do orixá ire é facilitado após a indicação do odu de nascimento, assim como a preparação do igba ori se necessário.
Parte da lista de um Itefa:

2-bodes
1-cabra
6- galinhas
6-galos
20-igbins
4-pombos
1-galinha de angola
50-obi
100-orobo
10-efun
30-osun
2-eku eda
4-eja aro
Tecido branco para roupa 10m.
Ikin em quantidade a ser definida pelo Oluwo.
10- iyerosun
10-odidi atare
1-vasilha para Ifá
1-Vasilha para Exu.
500g de búzios
1-kg de Sabão da costa
1 –Idé Ifá
1-yangui
1-ileke Ifá
8-litros de gim ou vodca
6- litros de dendê
1-litro de mel
1-cabaça

Obs: Não vamos fornecer a lista completa nesse texto por acreditar que seja desnecessário a divulgação. A parte da lista divulgada já vai dar uma ideia para o leitor, ou seja, isso vai auxiliar para que ele não seja enganado por pessoas que se dizem sacerdotes.

 Ainda considerando a compra dos materiais com fartura, é importante salientar que antes do início do itefa é feito uma consulta a Orunmila que vai orientar os ebos que antecedem o itefa, (sempre é feito ebo riru) e outros ebos.

1-No início do itefa existem algumas cerimonias que não devem ser divulgadas, um exemplo é o primeiro ato que jamais poderá ser revelado, essa cerimônia acontece em uma mata.  Esse ato é dirigido pelo Oluwo mas podem participar o ojugbona do iniciado.

2-Preparação do caminho por onde vai passar o iniciado com ofertas a terra em número ímpar de um lado do caminho e em outro em número par.

3-Preparação do sabão de Opa Osun.
4- Alimentar opa Osun.
5-Consulta a Ifá para a entrada do iniciado
6-Ebó de entrada.
7-Preparação das folhas para a entrada do igbodu.
8-preparação do Yangui do Exu do iniciado.
9-Preparação do material que será utilizado no itefa e sua conferencia.
10-Preparação das aves que devem ser carregadas pelo iniciado.
11-Inicio da caminhada em direção ao igbodu.O Oluwo segurando em sua mão Opa Osun começa as orações louvando os orisas, é feita a apresentação do novo membro da família para os antepassados. 

Após a oração inicial através de Opa Osun é feita a invocação dos antepassados pedindo permissão para conduzir o awo, até o igbodu.

Obs :Nesse texto vamos para facilitar a compreensão nomearemos o iniciado como awo.

O awo será conduzido em uma caminhada precedida por seu Oluwo, a sua Iya apetebi e seu ojugbona, a Iya apetebi carrega o yangui de Exu em sua cabeça, enquanto o awo que está vendado carrega os animais e todos os materiais para a iniciação.

Obs: A Iya apetebi normalmente é a esposa do Bàbàláwo, embora nesses rituais a figura da Iya apetebi possa ser representada por uma outra mulher, que não seja a esposa do Bàbàláwo.

A Iya apetebi não necessita ser iniciada para participar dos atos iniciais do itefa, como os descritos até o decimo quinto ato que normalmente são públicos.

12-Na entrada do igbodu do lado esquerdo é feita a consulta a Iya Odu antes da entrada do awo para o igbodu com obi e orobo. Do lado direito é colocada a vasilha contendo o Yangui do Exu que será assentado para o iniciado que permanece vendado.

 13-Retirada da venda.
Alguidar com agua um omi ero para lavar olhos de todos que vão entrar no igbodu, nesse alguidar será preparado as folhas de tètè, òdóndú, rínrín e um igbin, tc.
14-O  material do itefa é levado para dentro do igbodu.
15- O Opa Osun é fixado na terra dentro do igbodu para testemunhar todo processo.
16-Alimentar Iya Odu para pedir permissão para começar os rituais dentro do Igbodu.
17- Raspagem da cabeça do awo

Obs: Os atos do decimo ao vigésimo não podem ser divulgados.

21- Preparação do solo para extrair o odu de nascimento, o awo senta atrás do Oluwo segurando na cintura ou nos ombros ou nas costas de seu Oluwo.

Obs: Os atos do vigésimo segundo ao vigésimo terceiro não podem ser divulgados.

24- Ritual aos pés de Opa Osun o odu de nascimento do iniciado será revelado.

Obs: Somente após saber o odu é que os ikins serão alimentados, evidentemente porque o assentamento de Orunmila é feito com o odu do iniciado, cabe dizer que anteriormente a isso existe a preparação dos ikins, porém é importante ressaltar que o Exu do iniciado assim como como o seu iba ori só serão alimentados a partir da apuração do odu.

Obs: No momento que é apurado o odu do awo se ele vier em ibi ele deverá ser transformado em ire com o ebo riru antes do awo levantar da esteira.

Ori, Exu pessoal e Orunmila são assentados com o odu de nascimento extraído no itefa, se não for assim o compromisso de cumprir o destino escolhido pelo iniciado antes de nascer jamais será realizado.

Se o awo já tiver Exu assentado antes do Itefa esse não pode ser aproveitado para o itefa, nem a vasilha de Orunmila usada no itefa pode ser aproveitada para o itefa. A vasilha anterior assim como o Exu foram preparados com outro odu que não o odu de nascimento do awo assim como ileke ifá que deve ser novo.

Obs: Os atos do vigésimo ao vigésimo sexto, não podem ser divulgados.

27-Banho do awo.
28-Pintura do Awo

Obs: Os atos vigésimo nono ao trigésimo quarto não podem ser divulgados.

35-No segundo dia, o iniciado recebe mais informações sobre o seu odu, tomando conhecimento de seus ewos e recebendo o seu nome.

Obs: Os atos do trigésimo sexto ao quadragésimo não podem ser divulgados.

41-No terceiro dia o Oluwo com Opa Osun, lidera uma nova caminhada para levar o carrego do iniciado para o Rio, na volta do carrego Opa Osun, será fixado na terra, agora em frente à casa.

Obs: Os atos do quadragésimo segundo ao quadragésimo terceiro não podem ser divulgados.

44-Odu pada odo, na volta do rio é feito uma nova consulta a Orunmila que deve ser seguida dos ebos correspondentes ao novo caminho do awo, (quase sempre é feito ebo riru).
48-Ainda no terceiro dia o ifá será alimentado novamente.

Obs: Os atos do quadragésimo nono não podem ser divulgados.

 50-A iniciada dança, canta e festeja o seu odu durante a sua apresentação para o egbe.

Obs: Os atos do quinquagésimo primeiro não podem ser divulgados.

52-Feita as cerimonias do terceiro dia, do sétimo dia e do decimo sétimo dia, diante de Opa Osun é retirado o ekodide.

Obs: No ato citado acima quando o itefa é feito para Babalorisa é diferente do que é feito para um Babalawo.

A retirada do ekodide encerra o itefa que em razão do odu poderá ou não dar início ao itelodu, com o início do itelodu as cerimonias tem um novo caráter com Iya odu reconhecendo seu filho, esse ato é o quinquagésimo, enquanto a preparação do solo do início a um processo e o reconhecimento de Iya odu encerra a feitura.

Obs: No ato citado acima quando o itefa é feito para Iyanifa é diferente do que é feito para um Bàbàláwo.

Tanto nos casos de Babalawos s como Iyanifas e omo orisas as cerimonias podem levar de três a dezesseis dias.

Babalawos e Iyanifas e sacerdotes do culto de orisa tem a sua cabeça raspada nessas cerimonias.
Das mais de cinquenta cerimonias que constitui todo processo até o itelodu duas são diferentes para omo orixá e uma é diferente para Iyanifa.

54-Em caso de Itelodu, o awo será reconhecido por Iya Odu.

Todos esses ensinamentos que estou divulgando aqui foram recebidos de meu Oluwo Oyeniyi Awolola Agboola e do Araba Awodiran Agboola, os rituais de iniciação em nossa casa reproduzem na integra os rituais de iniciação de nossa família na cidade de Lagos Nigéria.

*Qualquer pessoa com um pouco de bom senso vai entender que por razões obvias divulguei aqui somente vinte e sete atos dos cinquenta e quatro atos que constituem a cerimonia de um itefa e um Itelodu.

O importante para mim é divulgar em principio informações que possibilitem as pessoas em geral ter uma noção do que consiste um itefa.

 Considerando que ultimamente tem aumentado muito o número de pessoas enganadas por falsos sacerdotes.

Um Bàbàláwo ou uma Iyanifa não incorporam espíritos.
 Um Bàbàláwo ou uma Iyanifa não comercializam materiais de asé.
Um Bàbàláwo ou uma Iyanifa só iniciam as pessoas depois de vários anos de estudo.
Um Bàbàláwo ou uma Iyanifa só iniciam em Ifá com a autorização de seu Oluwo.

Um Bàbàláwo ou uma Iyanifa não mentem e não enganam as pessoas, esses sacerdotes devem ser modelos de retidão e bom caráter para as suas comunidades.

Um Bàbàláwo ou uma Iyanifa não usam drogas e não podem ter envolvimento com coisas que constituam uma infração as leis de seu país.

Orunmila não pactua com traidores.

O awo que trilha o caminho da verdade jamais está sozinho, a minha verdade pode lhe incomodar muito, mas tenha a certeza que a sua mentira me incomoda muito mais. Eu não sou o dono da verdade mas também não sou um mentiroso, sendo assim Ajagunmale é aquele que vai nos julgar.

Esse texto foi motivado pela indignação de saber que pessoas dizem ser aquilo que na verdade elas não são, existem muitas pessoas se beneficiando do desconhecimento do público em geral, usando o nome de Orunmila em seu próprio benefício.