quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O Batuque


O Batuque

Qual a explicação para o entra e sai das pessoas nas casas de batuque?


Constantemente sou questionado sobre esse assunto, nessa semana recebi um e-mail, onde a pessoa mencionou que já tinha feito parte de seis casas de Batuque e gostaria que eu indicasse uma boa casa para que ela frequentasse.

Com base nesse contato, resolvi abordar o assunto do entra e sai nas casas de religião no Sul.
Primeiramente, gostaria de deixar bem claro, que essa situação já foi testemunhada por mim em todo país, independente de ser casa de batuque, candomblé ou umbanda, digo mais ainda, em outras religiões nos dias de hoje algo parecido esta acontecendo.

O uso da mídia para recrutar adeptos mudou a historia das religiões na atualidade, em programas televisivos, apresentadores com um sorriso retratando o branqueamento dos dentes, ainda não pago, iludem o telespectador inocente, o cenário bem preparado, e as roupas muito bem escolhidas, escondem a formação diminuta do formador de opinião.

Incrédulos e crentes se deixam levar pelo espetáculo criado diante das câmeras, e a promessa de riqueza e felicidade envolve os ignorantes.

Acredito que a explicação para a rotatividade gigantesca nas casas de culto ao orisa, se deva muitas vezes por uma falsa promessa que abrange a solução para os problemas financeiros, afetivos, emocionais e físicos, na verdade, a ilusão criada que o simples fato de você cultuar um orisa tudo soluciona, gera decepção, descrença e uma busca interminável por respostas que nunca viram.


Segue parte de textos por nós escritos, que explicam claramente a loucura de muitos e a falta de cultura de outros.

A roupa não faz o homem, em muitos casos podemos ver um comportamento padrão como se tudo seguisse a famosa receita de bolo da roupa branca, não sabem nossos irmãos que em muitos rituais o que menos importa é a roupa.
Cansei disso, faz tempo, que busco outra saída mais adequada, a cultura, o conhecimento, e o alinhamento com as raízes religiosas, pois quem não está preparado que não se estabeleça, não é justo que os bons paguem pelos despreparados.
O envolvimento com pessoas que muitas vezes não correspondem a um comportamento moral adequado pode traumatizar e criar sequelas que jamais serão curadas, afastando para sempre o individuo de sua crença.
É comum ouvir a frase absurda “se ele não tem nem para ele, como é que ele vai me ajudar a adquirir alguma coisa.” A incapacidade ou a ignorância, não permite que as pessoas compreendam que cada ser humano tem um Odu, e um destino, e que isso não implica diretamente na capacidade ou no discernimento do sacerdote na hora de analisar o problema do consulente.
Às vezes não sei definir com precisão o sentimento que toma conta de mim, não sei se é raiva, desprezo ou vergonha, mas o importante é que a indignação não me deixa ficar calado.
Espero que esse tipo de coisa, um dia, leve esse pessoal direto para prisão, ou para um hospício que imagino ser o lugar deles.
Se você for a uma igreja, de qualquer outra religião, você vai ver um líder e vários seguidores, na nossa religião, você vai ver um líder e um grupo enorme de pretensos lideres, gravitando à volta, aguardando uma oportunidade de ascender ao poder.
Tudo na vida está interligado, não vamos esperar milagres, mas vamos buscar sacerdotes melhor preparados, que possam nos orientar, não queremos mágica, queremos coerência.
Hoje, o que vemos, por ai, não são casas preparadas, preocupadas em colocar os filhos em sintonia com o orixá, mas o iniciado em sintonia com as necessidades da casa, ou a vaidade do sacerdote,

Um assentamento de orisá virou um investimento.
Os menos avisados rezam hoje pensando em acordar RICOS amanhã; dentro de pouco tempo provavelmente será criado um contrato, aonde devera constar o valor aplicado e a pretensão de retorno, juros e lucros de forma bem clara, com possíveis clausulas que gerem uma provável indenização; só nos resta saber quem vai assinar em nome do orisa esse contrato maluco, é verdade que as promessas em nome dos orisas todos já sabemos quem faz a desinformação e a ignorância.
http://gilmarofunoyeku.blogspot.com.br/2011/05/fe-e-o-dinheiro-e-ambicao.html

Textos citados nos blogs são de autoria:
Babalawo Ifágbaiyin

Ilustração:Quadro Mi Castelani,artista plástico

Babalawo Ifagbaiyin
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