sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Itelodu e o sacerdote de Orunmila.




Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Muito se tem falado sobre ifá nos últimos anos e muito se tem escrito sobre os rituais de iniciação, porém me causa espanto a falta de concordância na abordagem no Brasil sobre temas que no território yoruba são descritos da mesma forma por todas as famílias.

Buscando esclarecer os nossos leitores sem ferir qualquer norma na divulgação de uma abordagem indireta iniciamos aqui um dialogo deixando claro que não somos os donos da verdade, mas sim temos a maior tranquilidade para descrever o que é praticado por nós em por nossa família na Nigéria em todos os rituais.

Até pouco tempo atrás a falta de contato com os yorubanos dificultava a confirmação do que é escrito aqui no Brasil, sugiro as pessoas que tenham dúvidas sobre o que eu vou escrever que busquem informações com Bàbàláwos nigerianos.

O itelodu além do reconhecimento do filho (Bàbàláwo), por sua mãe (Iya odu), traduzindo de uma maneira didática seria o equivalente ao reencontro de uma mãe com um filho, que por alguma razão ficou afastado.

Essa cerimonia de infinita beleza e da maior seriedade caracteriza que a partir daquele momento o awo pode em um futuro se tornar um bom sacerdote ou não.

 O itelodu não exime os faltosos das implicações em suas atitudes, como já disse em outras oportunidades, uma iniciação não é salvo conduto para falta de caráter, assim como não serve de proteção para os inescrupulosos, o fato de você ser iniciado no culto de Iya odu não torna ninguém intocável.

Ìtélè em Yoruba significa começo, assim poderíamos descrever o começo da relação de um filho com sua mãe, na cerimonia do itelodu o awo entra vendado em uma sala completamente escura, o que caracteriza o seu desconhecimento sobre aquele ritual e a sua confiança no que esta por vir, de coração aberto e alinhado com o seu destino o possível novo sacerdote vai depender muito de seu caráter e de sua postura para que tenha o apoio de sua mãe.

Vi na internet um texto que descreve o itelodu como o momento que é sacado um novo odu para o sacerdote, no território yoruba isso não existe, no novo mundo por interesses que não vamos apontar aqui, o itelodu passou a ser parte de uma cerimonia que comumente é única na Nigéria.

Vou explicar melhor:

Se em consulta que antecede a iniciação o iniciado é apontado como um provável Bàbàláwo, dentro do Igbodu na hora que é tomado conhecimento do odu de nascimento do mesmo a continuação do ritual e a apresentação a Iya odu dão inicio ao itelodu, isso é como uma consequência inalterável, embora também possa acontecer que no itefa fique constado que o awo tenha um caminho diferente que o de Bàbàláwo.

Porem quando é identificado o Bàbàláwo o itelodu e o itefa fazem partem de um mesmo processo, já na hipótese que um awo por qualquer razão venha fazer o itelodu separado do itefa o odu de nascimento não muda e o terceiro odu extraído no itefa só demonstra as orientações de ifá para o dia a dia, o terceiro odu conhecido como pada odo (a volta do rio), não é o odu de nascimento, o odu de nascimento é um só, sendo sacerdote o odu permanece o mesmo, os ewos permanecem os mesmos e a indicação dos principais orixás a serem cultuados continua a mesma.

O odu de sacerdócio evidentemente é o odu de nascimento que indica aquela atribuição, não porque o awo foi submetido a uma cerimonia e sim porque ele nasceu com essa escolha que foi testemunhada por Òrúnmìlà.

Existe três formas bem distintas de alimentar Iya odu, na primeira parte do itefa é alimentado de uma maneira, na confirmação do itelodu Iya odu é alimentada de outra forma e na consagração de Iya odu (recebimento do Igbá) Iya odu é alimentada de outra forma que uni as duas anteriormente citadas em um só ato, qualquer uma dessas cerimonias comumente é efetuada em três dias.

Gostaria de detalhar mais essa questão porem para uma melhor compreensão dos nossos leitores indico o texto em nosso blog:

http://www.babalawoifagbaiyin.com/search?q=do+itefa+ao+itelodu