Qualidade de òrìsà não existe.
Autor: Bàbàláwo Ifagbaiyin Agboola
Quando os Òrìsàs chegaram ao Brasil vieram pelas mãos de escravos oriundos de várias partes do território Yoruba, evidentemente isso gerou alguns problemas, entre esses a diferença de nomes dados aos mesmos Òrìsàs.
Hoje em dia me surpreende que algumas pessoas ainda tenham dificuldade em entender o óbvio.
Em cada região o mesmo Òrìsà recebe nomes diferentes, o que alguns escritores definem como títulos dados em determinados momentos de uma louvação ou exaltação.
Fazer disso um mercado onde em cada elemento adicionada a um assentamento é criada uma nova qualidade de Òrìsà, caracteriza esperteza visando lucro.
Osun é Osun, se em um lugar ela recebe o nome de Opara, Apara, Ponda, Panda, Iponda ou Igimum, isso não cria um novo Òrìsà.
O nome dado à divindade não muda o comportamento do Òrìsà e sim algumas questões relativas à geografia e a história da divindade.
Com um nome Osun é vista no Brasil como uma figura feminina de grande vaidade, com outro nome é tida como guerreira, mas de forma alguma a mudança de nome não cria uma nova Osun.
A mudança de nome fala do temperamento ou do comportamento do òrìsà em uma determinada situação, mais isso não cria um novo òrìsà com mais ou menos idade.
Isso se aplica a todos Òrìsàs.
Um exemplo que eu gosto de usar é Oloogun Edé, que foi transformado de guerreiro em uma criança em nosso país.
A falta de informação deu espaço à conhecida criatividade brasileira.
Outro exemplo que podemos citar:
Para os filhos de Òsáàlá são assentados inúmeros Òrìsàs que não comem dendê dando origem a vários òrìsàs que só existem no Brasil. No entanto sabemos que a proibição do uso de dendê é restrita somente a Òsáàlá, tudo que foi criado em cima desse fato é invenção.
Eu poderia escrever várias paginas sobre os òrìsàs cultuados no Brasil, mas acredito que o importante é ter um ponto de partida, o fato que não existe qualidade de òrìsà.
Sabemos que nossas tentativas podem contribuir com a mudança da mentalidade de alguns sacerdotes, o importante é que as pessoas estudem e pesquisem sobre a nossa religião.